Dhlakama não recua após chumbo das "autarquias provinciais"
4 de maio de 2015Depois de ser chumbado no Parlamento moçambicano o ante-projeto das autarquias provinciais# submetido pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), na passada quinta-feira (30.04), Afonso Dhlakama garante que não vai recuar.
"Não quero sentir-me obrigado a termos de governar à força. Quero governar ou nomear as pessoas constitucionalmente." A reprovação do documento teve motivações políticas, segundo o líder do maior partido da oposição.
Dhlakama diz que a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder, deve pensar melhor na decisão: "[Com] a minha idade, não quero nem impedir investimentos, nem assustar investimentos nacionais e internacionais. Portanto, lanço o meu apelo ao [Presidente] Nyusi e à FRELIMO para refletirem bem na decisão deles. Porque ainda é cedo, muita coisa pode ser recuperada."
Sem agitação, RENAMO promete governar
O presidente da RENAMO tranquilizou a população, garantindo que não haverá nem manifestações, nem agitação popular, como algumas correntes já previam caso o ante-projeto não passasse no Parlamento.
Num comício popular que orientou este sábado no distrito de Pebane, na província central da Zambézia, Dhlakama voltou a prometer que "ainda este ano" o seu partido vai governar.
No entanto, o analista Egídio Vaz tem muitas dúvidas quanto à possibilidade de a RENAMO governar as autarquias provinciais com base no ante-projeto chumbado pelo partido no poder na Assembleia da República. Há, porém, outras formas de discutir o assunto: "A FRELIMO diz que está disponível para discutir a descentralização, mas não nos termos propostos pela RENAMO. Ou seja, não estão fechadas todas as portas."
Egídio Vaz critica a estratégia da RENAMO antes do debate do ante-projeto no Parlamento. Segundo ele, a RENAMO e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) podiam ter surpreendido o partido no poder e votado a favor do Orçamento do Estado e do Plano Económico e Social. Como não o fizeram, perderam uma boa oportunidade de mostrar que estavam dispostos a "consensos alargados" sobre matérias fundamentais, diz Vaz.
Esta segunda-feira (04.05) de manhã, Dhlakama disse aos quadros do seu partido na cidade de Quelimane que, se houver vontade política da parte do Governo, o ante-projeto das autarquias provinciais poderá ser transformado num acordo político, à semelhança do que aconteceu com a lei eleitoral. Todavia, o analista Egídio Vaz diz que isso seria voltar à "estaca zero".