Dhlakama quer diálogo com Guebuza e não descarta Governo de unidade
20 de outubro de 2014Numa conferência de imprensa, no sábado (18.10), em Maputo, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, disse estar pronto para dialogar com o Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, a propósito dos resultados das eleições gerais de 15 de outubro que apelidou de "uma fantochada".
Contagem atrasada
A totalidade dos votos não foi ainda apurada. Até agora, Filipe Nyusi, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), segue à frente na contagem para as Presidenciais, com 62,13% da votação, seguido de Afonso Dhlakama com 31,06%. Em terceiro está Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), com 6,81%.
Estes são os últimos dados do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) que deu a indicação de que o apuramento dos resultados está ainda atrasado em alguns dos 128 distritos do país, tendo sido alargado até segunda-feira (20.10) o prazo para fechar a fase de contagem.
Por outro lado, o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, prometeu no fim de semana que não haverá mais confrontos e que vai optar pela via do diálogo, depois de um encontro com parte do corpo diplomático em Maputo.
Dhlakama disse estar pronto para negociar com o Governo a propósito da criação de "uma verdadeira democracia", depois de ter criticado as irregularidades que mancharam a votação.
Segundo Dhlakama, o partido vai dar prioridade ao diálogo "com os irmãos do Governo de Moçambique" e "fazê-los ver que já é tempo de que o povo seja soberano e possa ser governado por governantes eleitos democraticamente".
"Não é preciso violência, isto significa que não vou andar aos tiros. Quero prometer que nunca mais vai haver um conflito", garantiu em conferência de imprensa, no sábado (18.10).
Afonso Dhlakama assegurou ainda que vai permanecer em Maputo, porque quer manter-se perto do corpo diplomático e das autoridades moçambicanas. Na reunião, o líder da RENAMO foi aconselhado a seguir a via legal na denúncia de alegadas irregularidades no processo eleitoral.
Um dos cenários que admitiu é a formação de um governo de unidade nacional, à semelhança do que já aconteceu no Quénia e no Zimbabué, no âmbito de um processo de verdadeira reconciliação.
Críticas às missões de observação internacional
A observação eleitoral dos países que integram a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) foi duramente criticada, no sábado (18.10), pelo líder da RENAMO.
"Sei muito bem que alguns estrangeiros vergonhosamente já se pronunciaram sobre as eleições, disseram que foram livres e transparentes. Mas não fiquei surpreendido. O que é que o Zimbabué podia dizer? O que é que Tanzânia podia dizer? O que é a Namíbia podia dizer? O que é que Angola podia dizer?", questionou o líder.
"Temos de salvar África e em particular o nosso país, Moçambique", apelou, logo depois.
Os diplomatas que se reuniram com Dhlakama têm um encontro previsto com o candidato presidencial da FRELIMO esta segunda-feira (20.10). A reunião deverá ser alargada à presença de um representante dos Estados Unidos da América.
Por seu lado, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou no sábado (18.10) ao povo moçambicano para que mantenha uma "atmosfera calma" enquanto aguarda pelos resultados das eleições gerais.