Dia Mundial da Rádio
13 de fevereiro de 2014Um dia após ser publicado o ranking internacional dos Repórteres sem Fronteiras sobre a liberdade de imprensa nos 180 países, comemora-se o Dia Mundial da Rádio. Mas nem sempre é fácil fazer rádio. Principalmente em alguns lugares, sob determinadas condições.
Custo e benefício
Emanuel Malaquias, diretor adjunto da Rádio Despertar, em Angola, conversou com a DW África e disse que às vezes é preciso recorrer a jornais, agências de informação e emissoras estrangeiras para estar informado sobre o que se passa no país. Isto, segundo Emanuel, se deve ao fato do Governo angolano tentar controlar todas as fontes e veículos de informação no país.
Ele explica ainda que Angola usa de certos mecanismos cortar a liberdade das pessoas. "Porque em Angola há um regime que detêm o poder e que controla absolutamente todos os processos sociais", explica Emanuel. "A Rádio é a melhor forma de informar e formar as pessoas a nível de sociedade", completa ele.
O entrevistado usa como exemplo a Rádio da qual é diretor adjunto e diz que a estação de informação criada em 1994 no âmbito dos acordos de Lusaka é independente.
O rádio é um aparelho barato e por isso, o mais acessível às comunidades africanas, comenta ele à nossa equipe de reportagem. Emanuel também salienta o poder e a força da Rádio: "Temos acesso a casa das pessoas de uma forma imediata e o poder de influenciar práticas e costumes", acredita ele.
Para este radialista, a presença e importância da Rádio em África é indiscutível porque há locais onde não há nem mesmo acesso por estradas muito menos aeroportos ou portos. "Em alguns lugares, a única via de comunicação com o exterior é feita via Rádio."
Liberdade de imprensa
Em Moçambique, a situação não é diferente. No ranking de 2014 dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o país baixou cinco posições. Segundo Naldo Chivite, membro do Fórum das Rádios Comunitárias Moçambicanas (FORCOM) muitas vezes, os órgãos de Estado a nível local não reconhecem as Rádios comunitárias como estações de informação independente e intrometem-se.
"Ainda há muita limitação na questão do acesso à informação principalmente nas zonas rurais onde temos governos que acabam assumindo uma estrutura com muitos poderes. E eles veem as rádios comunitárias como algo em poder do governo local. Por isso, eles sempre querem mandar e se meter na linha editoriais das rádios comunitárias".
Em algumas comunidades moçambicanas, a Rádio é o único meio penetrante de informação. Ainda que muitos jornalistas continuem a ser alvo de ameaças e processos judiciais, como lamenta Naldo, a Rádio continua a ser a principal fonte de informação no país.