Dnipro: "Há mínimas hipóteses de encontrar sobreviventes"
16 de janeiro de 2023Subiu para 40 o número de vítimas mortais no ataque a um prédio residencial na cidade ucraniana de Dnipro, de acordo com o último balanço feito pelas autoridades locais. A operação de resgate continua. No prédio viviam cerca de 1.700 pessoas.
"Há uma chance mínima de encontrar sobreviventes", disse aos jornalistas o governador de Dnipro, Borys Filatov.
Cerca de 75 pessoas ficaram feridas após o ataque de sábado (16.01), incluindo 14 crianças.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu que as operações de busca e salvamento continuariam "enquanto houver a mais pequena hipótese de salvar vidas". Mas equipas de salvamento no terreno, que têm estado a trabalhar desde sábado sem parar, reconheceram pouca esperança de encontrar pessoas vivas nos escombros. Estima-se que cerca de 30 pessoas ainda se encontram ali.
Os residentes disseram que o edifício não albergava "nenhuma instituição militar" que pudesse ser alvo dos russos.
O Kremlin disse que não foram as forças russas que atacaram a residência dos civis e sugeriu que foram as defesas aéreas da Ucrânia a desviar o rumo do míssil russo que caiu no prédio.
Kiev negou esta posição russa: "Não temos meios para intercetar o tipo de míssil russo que atingiu o prédio residencial em Dnipro", afirmou o Exército ucraniano num comunicado divulgado no domingo.
"Crimes de guerra"
Vários países e organizações condenaram o ataque de sábado em Dnipro. O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, lembrou que "os ataques intencionais contra civis são crimes de guerra e os responsáveis por eles devem ser castigados, leve o tempo que levar".
A Suécia, que detém a presidência semestral do Conselho da União Europeia, fez saber que o bloco europeu "condena veementemente os ataques sistemáticos e contínuos da Rússia contra civis, propriedades civis e infraestruturas essenciais na Ucrânia".
Em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano, também denunciou como um "crime de guerra" o "ataque atroz" russo, reiterando o pedido a Moscovo para "parar imediatamente com estes atos".
"Patrocinadores ocidentais" da Ucrânia
Esta segunda-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, não terá gostado do anúncio feito pelo Reino Unido de que enviará para a Ucrânia 14 tanques Challenger 2, naquela que será a primeira entrega de tanques pesados de fabrico ocidental à Ucrânia.
Durante uma conversa como o homólogo turco Recep Tayyip Erdogan, Putin criticou os "patrocinadores ocidentais" da Ucrânia, que "estão a aumentar as suas entregas de armas e equipamento militar" a Kiev, disse o Kremlin num comunicado citado pela agência francesa AFP.
A Rússia já tinha advertido o Reino Unido de que os tanques Challenger 2 que Londres tenciona enviar para Kiev "vão arder" nas próximas semanas na Ucrânia.
Kiev espera receber, na sexta-feira, mais promessas dos aliados ocidentais para o fornecimento de equipamento militar pesado numa reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, a realizar na base aérea dos Estados Unidos em Ramstein, na Alemanha.
Torpedo nuclear russo "está pronto"
A Rússia anunciou, entretanto, que concluiu a produção do primeiro conjunto de torpedos nucleares Poseidon, que deverão ser instalados no submarino nuclear "Belgorod".
"O primeiro conjunto de Poseidons foi fabricado, e o submarino Belgorod irá recebê-los num futuro próximo", noticia a agência noticiosa estatal russa TASS, que citou uma fonte anónima.
"Belgorod" é uma embarcação da marinha russa capaz de transportar e lançar torpedos, incluindo o Poseidon, um novo torpedo nuclear desenvolvido por Moscovo.
Contactado pelas agências internacionais de notícias, o ministério russo da Defesa não confirmou nem desmentiu a notícia.
De acordo com a agência francesa AFP, oficiais norte-americanos e russos descreveram os Poseidon como uma nova categoria de arma de retaliação, capaz de tornar as cidades costeiras inabitáveis.
Desde a sua mensagem de Ano Novo, em que descreveu o Ocidente como um "verdadeiro inimigo" da Rússia na guerra contra a Ucrânia, Vladimir Putin tem emitido vários sinais de que a Rússia não recuará no conflito. Recentemente, despachou mísseis hipersónicos para o Atlântico e nomeou o seu melhor general para dirigir a guerra.