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Doadores desanimados com a gestão da saúde em Moçambique

29 de março de 2012

Durante a avaliação sectorial da cooperação, os doadores reclamaram da gestão dos recursos disponibilizados para a saúde. Medicamentos com validades vencidas e soluções emergenciais foram temas da reunião em Maputo.

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Medicamentos com validade vencidas e soluções emergenciais foram temas da reunião em Maputo
Medicamentos com validade vencidas e soluções emergenciais foram temas da reunião em MaputoFoto: picture-alliance/dpa

Na última quarta-feira (28.03), os doadores internacionais de Mocambique estiveram reunidos em Maputo para fazer uma avaliação sectorial da cooperação com o país. O grupo se mostrou insatisfeito com a gestão dos recursos que investem na área da saúde, grandemente dependente da ajuda internacional. A embaixadora da Holanda em Moçambique, Frédérique de Man, foi a porta-voz dos doadores.

"No ano passado, o Ministério da Saúde não evitou a abordagem das questões problemáticas" lembrou ela, apresentando em seguida muitos questionamentos. "Porque medicamentos fora do prazo não foram destruídos? Porque atua-se sempre de emergência para evitar a ruptura de medicamentos essenciais?", perguntou a embaixadora, afirmando ainda que o resultado foram "situações desconfortáveis, até mesmo uma sensação de crise".

O que diz o Ministério da Saúde?

O ministro da Saúde de Moçambique, António Manguele, rebateu as críticas dos doadores. "A Central de Medicamentos foi reforçada com especialistas para a sua gestão", garantiu, com uma postura optimista quanto aos resultados do trabalho que vem sendo feito. "Julgamos que com uma melhor organização, com o fortalecimento do sistema de gestão, poderemos ir ultrapassando essas situações que se verificaram nos tempos passados", afirmou.

População aguarda teste de malária em Manica (2000)
População aguarda teste de malária em Manica (2000)Foto: AP

O ministro salientou a importância das doações, uma vez que os medicamentos são importados. "Temos que contar sempre com os meios financeiros necessários para podermos ter os medicamentos de que necessitamos", admitiu o político moçambicano.

Problemas também no controle das finanças

No ano passado, 200 funcionários foram processados disciplinarmente e dois estão detidos. Além disso, muitos vendedores informais foram acusados de roubos de redes mosquiteiras e de medicamentos. Em 2011, os doadores levanataram questões ligadas à gestão financeira da ajuda externa.

Roubos de mosquiteiros e medicamentos despertam desconfiança dos doadores. Será que a ajuda continua?
Roubos de mosquiteiros e medicamentos despertam desconfiança dos doadores. Será que a ajuda continua?Foto: picture-alliance/dpa

O ministro da Saúde garantiu que medidas de reforço no sector financeiro do órgão público foram tomadas para a superar do problema. "Contamos com assistência técnica, primeiro interna, do Ministério das Finanças, além do apoio dos nossos parceiros de cooperação", disse.

Em breve os parceiros estratégicos de Mocambique anunciarão os seus comprometimentos financeiros para os próximos anos. António Manquele, revelou suas expectativas de que "nos próximos tempos estas situações sejam cada vez menos presentes na nossa vida".

Autor: Ezequiel Mavota (Maputo)
Edição: Cris Vieira/Renate Krieger