Simões Pereira critica CNE e comunidade internacional
18 de janeiro de 2020O candidato às eleições presidenciais da Guiné-Bissau Domingos Simões Pereira afirmou este sábado (18.01) que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) tentou "desvalorizar o elemento de validação" do processo eleitoral ao interromper a reunião de apuramento nacional.
Segundo o também presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a sua candidatura terá detetado um "conjunto de irregularidades" e entendeu recorrer à plenária da CNE para "pedir explicações e para que essas questões fossem dirimidas antes do anúncio dos resultados provisórios".
"Começou por nos surpreender a tempestividade da reação da CNE, que tinha pressa em divulgar os resultados e logo a seguir, perante um pedido de esclarecimento, desvalorizar todo o processo e achar que se tratava da mera assinatura de uma ata", afirmou o candidato.
"Pior, num momento em que todo o mundo sabe que há um contencioso pendente, que há uma aclaração que é pedida a um órgão importante como o Supremo Tribunal de Justiça ouvirmos e depois confirmarmos que a CNE, se precipita, não só a tentar divulgar aquilo que chama de resultados definitivos, como inclusive a tentar forçar a sua publicação no Boletim oficial. É muita coisa", afirmou, em entrevista à agência Lusa.
Domingos Simões Pereira disse agora esperar que a aclaração do Supremo Tribunal de Justiça confirme o "direito do povo guineense saber de facto quem foi eleito Presidente da República da Guiné-Bissau".
Comunidade internacional deve respeitar leis e povo
O candidato às eleições presidenciais lamentou também o que classifica como desrespeito que a comunidade internacional está a demonstrar em relação às leis do país e ao povo guineense. "O candidato é um candidato a ser Presidente da Guiné-Bissau. As leis da Guiné-Bissau devem ser as primeiras a serem respeitadas. Por mais que lá fora se possa ter um entendimento diferente, é preciso respeitar o povo guineense", afirmou.
Domingos Simões Pereira referia-se ao facto de o outro candidato às eleições presidenciais, Umaro Sissoco Embaló, estar a ser recebido por dirigentes de vários países, incluindo Portugal, quando está em curso um contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça relativo aos resultados eleitorais das presidenciais de 29 de dezembro.
Segundo o presidente do PAIGC, quando através das instituições do país a Guiné-Bissau afirma que o processo de eleições "não está concluído", o "mínimo que se espera de entidades democráticas a nível internacional é que digam a todo o mundo que respeitem as vossas disposições antes de nos confrontarem com essa necessidade de festejar".
Questionado sobre os encontros previstos este fim-de-semana de Umaro Sissoco Embaló com o primeiro-ministro e Presidente portugueses, Domingos Simões Pereira disse que não tem intenção de julgar entidades estrangeiras. "Se as autoridades portuguesas, mesmo conhecendo a aclaração do Supremo Tribunal, mesmo conhecendo os nossos dispositivos legais, entendem que devem manter todo o programa protocolar à volta de um candidato, têm o direito de o fazer", afirmou.
Para Domingos Simões Pereira não é da sua competência julgar, mas apenas lamentar e deixar que o povo português tire as "suas ilações". O presidente do PAIGC salientou que não acredita em "proclamações antecipadas", mas no "respeito da ordem dos dispositivos legais".