Droga em aeronave: Guineenses esperam respostas
5 de dezembro de 2024Esta quinta-feira decorreu a segunda e última sessão do julgamento do caso do avião que aterrou com 2,6 toneladas de droga em Bissau, e os guineenses ficaram a saber mais alguns detalhes sobre o caso.
Uma testemunha disse ao Tribunal Regional de Bissau que o avião carregado de droga aterrou sem permissão porque estava com falta de combustível. A aeronave teria como destino o Mali. Por outro lado, a Polícia Judiciária terá sido avisada da chegada de "duas aeronaves suspeitas"; uma delas teria sido desviada "para outro destino".
A acusação diz que os suspeitos foram apanhados em flagrante delito e pertencem a um grupo estruturado de tráfico internacional de droga. O Ministério Público exige uma pena mínima de 17 anos de prisão para três dos acusados e de 20 anos para os restantes. Pediu ainda ao Tribunal para que os objetos apreendidos sejam declarados como perda a favor do Estado.
Em declarações à imprensa no final da sessão, o porta-voz dos advogados da defesa, Simão Té, disse apenas que "é normal o Ministério Público pedir isso, porque está a cumprir com a sua responsabilidade."
À espera de respostas
Durante o julgamento, os acusados preferiram remeter-se ao silêncio. A defesa alegou que os réus desconheciam o produto transportado na aeronave e apontou alegadas irregularidades durante o processo, como a ausência dos suspeitos durante a pesagem e o exame do produto encontrado no avião.
O analista político Rui Jorge Semedo indica a possibilidade destes suspeitos saírem em liberdade: "Até hoje, a Justiça demostrou ser incapaz de trazer elementos básicos para confrontar os acusados", comenta Semedo em declarações à DW África.
"Face ao que estamos a acompanhar, eu acho que as evidências apontam para uma vitória da parte destes supostos traficantes, que estão a beneficiar da incapacidade do próprio Estado e da inoperância da Justiça", acrescentou.
Durante o julgamento, os advogados de defesa salientaram que, na fase de investigações, não foi encontrada qualquer ligação entre este grupo e cidadãos guineenses, o que provaria que o destino dos acusados não era a Guiné-Bissau e que estavam em "estado de necessidade" quando aterraram no país.
Comentando o caso à DW, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, salienta que "não se pode esperar outra coisa se não a realização da Justiça, que permita esclarecer ao povo guineense quem são os verdadeiros responsáveis pelo transporte desta enorme quantidade de droga para a Guiné-Bissau."
O Tribunal Regional de Bissau agendou para o dia 27 de dezembro a leitura da sentença final do julgamento no caso da apreensão de drogas no aeroporto de Bissau, em setembro passado.