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Credit Suisse aperta as rédeas após escândalos

Reuters | AFP | Lusa
4 de novembro de 2021

Depois de uma série de escândalos, incluindo um empréstimo fraudulento a Moçambique, que custaram ao Credit Suisse milhares de milhões de dólares, o banco suíço prepara-se para apresentar uma nova estratégia.

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Foto: picture-alliance/Keystone/S.Schmidt

Os últimos tempos têm sido turbulentos para o Credit Suisse. O banco suíço foi multado depois de se ter dado como culpado pelo seu papel nas chamadas "dívidas ocultas" de Moçambique, acumulou prejuízos de 5,5 mil milhões de dólares e foi repreendido pelos reguladores após uma série de escândalos.

O novo presidente do Credit Suisse, o português António Horta Osório, já habituado a situações de crise, assumiu o leme em pleno período de agitação, em abril, e lançou uma revisão estratégica.

Esta quinta-feira (04.11), dia de divulgação dos resultados do terceiro trimestre, será também dado a conhecer o novo plano para reformar o segundo maior banco da Suíça. Espera-se que uma mudança fundamental seja a criação de uma única divisão de gestão de fortunas dedicada a uma elite global, passando a supervisão a centralizar-se na sede do banco em Zurique, adianta a Reuters.

Dívidas ocultas

Em conjunto com o banco russo VTB, o Credit Suisse organizou mais de 2 mil milhões de dólares em empréstimos às empresas públicas Proindicus e Mozambique Asset Management (MAM) que foram ocultados das autoridades nacionais e das instituições internacionais, concordou perdoar 200 milhões de dólares num acordo com várias entidades judiciais dos Estados Unidos da América, Reino Unido e Suíça, às quais vai pagar 475 milhões de dólares, o equivalente a 408 milhões de euros.

Schweiz Protest gegen Credit Suisse in Renens
Protesto contra o banco Credit Suisse em Renens (2020)Foto: picture-alliance/KEYSTONE/J.-C. Bott

A Autoridade de Conduta Financeira britânica (FCA) concluiu que o Credit Suisse cometeu falhas nos processos de diligência que acompanham as transações financeiras efetuadas por instituições. Segundo a FCA, o banco "falhou na gestão adequada do risco de crime financeiro nos seus negócios em mercados emergentes" entre outubro de 2012 a março de 2016 pois sabia do risco de corrupção em Moçambique. 

No julgamento que está a decorrer em Maputo, a justiça moçambicana acusa 19 arguidos de se terem associado em "quadrilha" e delapidado o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares (2,28 mil milhões de euros) - valor apontado pela procuradoria e superior aos 2,2 mil milhões de dólares até agora conhecidos no caso - angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo.

As dívidas ocultas foram contraídas entre 2013 e 2014, para projetos de pesca de atum (empresa EMATUM) e proteção marítima que nunca avançaram. Os empréstimos foram secretamente avalizados pela FRELIMO, liderada pelo então Presidente da República, Armando Guebuza, sem o conhecimento do Parlamento e do Tribunal Administrativo.

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