Dívidas ocultas: Mabunda admite que não prestou serviços
13 de setembro de 2021Fabião Mabunda, Ângela Leão e Sidónio Sitoi são os réus que serão ouvidos esta semana no julgamento do processo das dívidas ocultas. Os arguidos são acusados de lavagem de dinheiro no valor de cerca de 9 milhões de dólares, recebidos da Privinvest. Os valores seriam destinados a Gregório Leão, antigo diretor-geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE).
O oitavo réu a ser ouvido no julgamento é dono da empresa M. Moçambique Construções, que assinou um contrato de prestação de serviços de infraestrutura à empresa Privinvest Shipbuilding. Entretanto, o contrato nunca foi executado. Fabião Mabunda terá recebido 17,5 milhões de meticais (o equivalente a mais de 230 mil euros).
Durante seu depoimento, Fabião Mabunda disse que, apesar de ter fechado contratos de empreitada com o grupo empresarial, não chegou a prestar nenhum serviço. "Não executei o objeto dos contratos", afirmou perante o juiz esta segunda-feira (13.09).
Outros arguidos
Ângela Leão, mulher de Gregório Leão, deve ser ouvida entre esta terça (14.09) e quinta-feira. A ré é acusada de ter gerido o dinheiro destinado pela Privinvest ao marido.
O dinheiro terá sido usado com justificativa de construção e compra de imóveis. No entanto, as compras eram simuladas e o dinheiro era devolvido.
O terceiro réu, Sidónio Sitoe, deve ser ouvido na sexta-feira (17.09). Segundo a acusação, ele era responsável por simular as compras de imóveis e, depois, devolver o dinheiro.
Privinvest no centro do escândalo
Na sexta-feira (10.09), o réu Renato Matusse admitiu, na audição do processo das dívidas ocultas, ter recebido uma oferta de 1,6 milhão dólares [mais de 1,3 milhão de euros] em bens móveis e imóveis do empresário libanês Jean Boustani – o principal negociador da empresa Privinvest.
A Privinvest tem sido associada ao escândalo financeiro que lesou o Estado moçambicano em cerca de dois mil milhões de dólares [quase 1,7 mil milhão de euros].
Ex-conselheiro político do antigo Presidente Armando Guebuza, Matusse é acusado de associação para delinquir, peculato, branqueamento de capitais e tráfico de influências.