Dívidas ocultas: MP pede responsabilização dos arguidos
23 de agosto de 2021A defesa dos arguidos no processo das dívidas ocultas pede absolvição dos seus constituintes por não haver provas do seu envolvimento no maior escândalo de corrupção em Moçambique.
O Ministério Público (MP) acusou os réus de práticas de crimes como associação para delinquir, peculato corrupção passiva, falsificação de documentos, abuso de cargo ou função e branqueamento de capitais.
A magistrada do Ministério Público, Ana Sheila Marrengula, pede por isso que os acusados sejam penalizadas com o pagamento de indemnização civil ao Estado no valor de cerca de três mil milhões de dólares acrescidos de juros.
"Os arguidos praticaram os crimes ali descritos e por consequência colocaram o país numa situação financeira desgatada e descredito perante a comunidade interncioanal", justifica a magistrada.
E sublinha que "o Ministério Público, ao abrigo fo estipulado 486 no processo do código civil, pede indemnização dos demandatos de pagamento solidário ao Estado moçambicano num montante de [cerca de 3 mil milhões de dólares], a que deve acrescer aos juros calculados a taxa legal desde a prática da execução da sentença”
Acusações negadas
Toda a manhã e metade da tarde desta segunda-feira (23.08) foram reservadas aos pontos prévios e as contestações da defesa em relação as acusações do Ministério Público aos seus constituintes.
O advogado Abdul Gani, que defende o réu Gregório Leão, antigo diretor do SISE, Serviços de Segurança e Informação do Estado, nega que o seu constituinte seja acusado dos vários crimes como associação para delinquir.
"Não há indícios do seu envolvimento de nenhum dos alegados acordos ou pactos em que se funda a tese de associação para delinquir", entende.
Gani considera ainda que "a pronúncia em si, na modificação trazida pelo acordão do Tribunal Supremo, auto destrói-se na parte em que indicia o réu do aproveitamento do dinheiros das empresas Proindidus, EMATUM e MAM."
O advogado de Mbanda Heening, Mahomed Gani, diz não fazer sentido que o seu constituinte seja acusado, também de crime de associação para delinquir, porque o Tribunal Supremo afastou o crime deste arguido.
"Consideramos que este crime já foi julgados e que naturalmente não poderão aqui serem imputados e julgados novamente como a digníssima representante do Ministério Público acabou de incluir na sua acusação o crime de associação para delinquir", justifica.
E nesse sentido o advogado defende o seguinte: "Assim exposto e contestando a defesa entende que, ficando apenas o crime de branqueamento de capitais sem a conexão ou a imputação de outro crime precedente, deve esta acusação ser dada como improcedente e não provada”.
Tráfico de influências
Ndambi Guebuza é acusado de pratica de crimes de tráfico de influências, peculato, falsificação de documentos, associação para delinquir e branqueamento de capitais. Alexandre Chivale, advogado de Ndambi Guebuza, filho do ex-Presidente Armando Geubuza, e Maria Inês, secretária de Guebuza, contestou a posição do Ministério Público que acusa o filho de Guebuza de tráfico de influências.
"Não se prova que tenha influenciado os ministros da Defesa Nacional, o ministro do Interior ou de diretor geral do SISE que não são seus pais nem eram presidentes da República", diz Chivale.
E o advogado da família Guebuza acrescenta que "o único fato provado é que o arguido é filho do anterior Presidente da República. E como se viu, não aprovou projeto algum, pois, enquanto chefe de Estado não se confunde com os órgãos que aprovaram este projeto.”
No entanto nesta segunda-feira (23.09), o Governo sul-africano anunciou a extradição para Maputo, de Manuel Chang, antigo ministro das Finanças, também arguido neste processo, depois de cerca de 2 anos e 8 meses de detenção.