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Economia débil marca primeiro ano de Sudão do Sul

9 de julho de 2012

O Sudão do Sul celebra o seu primeiro aniversário de independência, esta segunda-feira, 9 de julho. Em termos políticos, a independência foi considerada um sucesso. No entanto, economicamente os progressos são limitados.

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Comemorações da independência do Sudão do Sul, a 9 de julho de 2011
Comemorações da independência do Sudão do Sul, a 9 de julho de 2011Foto: AP

Um ano de guerra civil deixou marcas no jovem país. Até ao momento, falta quase tudo: estradas, escolas, hospitais, eletricidade, água e, desde o início do ano, também gasolina.

Embora seja rico em petróleo, minerais e recursos hídricos, o novo Estado do Sudão do Sul está a lutar pela sobrevivência. Muitas regiões ricas em petróleo encontram-se no sul. Mas se não usarem os oleodutos que atravessam o vizinho Sudão, a norte, o Sudão do Sul não pode exportar o seu petróleo.
Ambas as partes discordam sobre as taxas de trânsito do petróleo. O governo sudanês, em Cartum, exigiu 36 dólares por cada barril que passe pelo seu território. Por outro lado, o executivo de Juba só está disposto a pagar um dólar.

Em janeiro deste ano, o Sudão do Sul acusou o Sudão de roubar grandes quantidades de petróleo e a produção tem estado parada. Desde então, os cofres do Estado estão vazios, uma vez que as receitas do petróleo representam 90% do rendimento do país.

Risco de insolvência do Estado

Perante este impasse na economia do país, Wolf-Christian Paes, do Centro Internacional de Bona para a Conversão (BICC), adverte que “se não houver uma solução para a utilização do oleoduto existente, então o Sudão do Sul, daqui a meses, ou mesmo semanas, em termos de divisas, passará a ser insolvente. Já se pode ver como o Sudão do Sul está a imprimir dinheiro. Imprime-se dinheiro para pagar salários. E a inflação sobe de forma muito significativa.”
A taxa de inflação atingiu os 19%. Ao mesmo tempo, o crescimento económico desacelerou sensivelmente. Os preços dos alimentos explodem e a produção agrícola está em declínio. O sector agrícola do Sudão do Sul é considerado promissor e tem um elevado potencial de crescimento. Ainda assim, a FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, teme uma crise de fome.

Quanto ao petróleo, a sua exportação é difícil por não se poder utilizar os oleodutos do norte. Portanto, o país pondera construir um oleoduto alternativo através do Quénia. Os custos seriam na ordem dos três mil milhões de dólares e ainda não está claro quem iria assumir o financiamento.
Além dessa dúvida, Abraham Matoc Dhal, professor da Universidade de Rumbek, no Sudão do Sul, recorda que também há riscos ecológicos por explicar. De acordo com o académico, “se analisarmos os custos de construção de um oleoduto ou de uma refinaria e os danos ambientais - como por exemplo a perda de terras agrícolas e de pecuária e o êxodo da população local - torna-se claro, ao converter todos estes custos em dinheiro, quanto custa a produção de petróleo”.

Atrair investimento externo é alternativa ao petróleo

Segundo o professor Abraham Matoc, o Sudão do Sul procura atrair investidores estrangeiros que tragam mais dinheiro para o país. O governo aprovou uma lei de apoio ao desenvolvimento do sector privado, que torna o país mais atrativo ao investimento.
Para o professor sul sudanês, a independência do país face às receitas do petróleo deve ser uma prioridade, pois “em todo o mundo, as receitas dos governos baseiam-se, principalmente, em impostos e não em receitas petrolíferas”. E Abraham Matoc Dhal  ressalta que “o Sudão do Sul também tem outras riquezas como ouro, terras férteis e urânio. O país tem muito potencial e a prioridade é valorizá-lo para estimular a economia.”

Abraham Matoc considera que a nova estratégia do Sudão do Sul está a funcionar. Ele acredita que o país é capaz de construir boas infra-estruturas e que a imensa riqueza de recursos naturais também lhe permitirá receber empréstimos internacionais. Um ano depois da independência, o professor considera que já são visíveis os primeiros progressos.

Autores: Lina Hoffmann / Madalena Sampaio
Edição: Glória Sousa / António Rocha

09.07 Sudão do Sul situação económica - MP3-Mono

Mercado de Rubkona, no Sidão do Sul, ficou destruído após um ataque aéreo do vizinho Sudão, em abril de 2012
Mercado de Rubkona, no Sudão do Sul, ficou destruído após um ataque aéreo do vizinho Sudão, em abril de 2012Foto: Reuters
A região fronteiriça de Heglig, rica em petróleo, é disputada pelo Sudão e pelo Sudão do Sul
A região fronteiriça de Heglig, rica em petróleo, é disputada pelo Sudão e pelo Sudão do SulFoto: Reuters
Südsudan - China, Sudan
Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, com o seu homólogo chinês Hu Jintao, em abril de 2012Foto: Reuters
Comemorações da independência do Sudão do Sul, a 9 de julho de 2011
Comemorações da independência do Sudão do Sul, 9 de julho de 2011Foto: picture alliance/dpa