Economia: Moçambique e Angola enfrentam desafios
2 de julho de 2019A consultora económica inglesa Economist Intelligence Unit (EIU) revelou nos últimos dias dados pouco animadores sobre as economias de Moçambique e Angola. O analista Nathan Hayes da EIU falou com a DW África e explicou os desafios que se impõem a estas duas economias.
Agricultura prejudicada em Moçambique
No ano de 2019, era esperado que a economia de Moçambique ainda crescesse um pouco. Contudo, devido aos ciclones que afectaram o país, é esperada uma recessão 2,2% este ano. A agricultura é um dos sectores mais prejudicados.
"O sector da agricultura foi bastante afectado por ambos os ciclones. O ciclone Idai afetou a região centro do país, isso teve um grande impacto nos meios de produção e no ciclo de colheita estava a começar. Haverá uma uma queda de 40 a 50 % nas exportações neste sector. Um mês depois, o ciclone Kenneth, na região norte, também afectou as colheitas", explica Nathan Hayes.
As infraestuturas também foram prejudicadas e isso afetou o fluxo da natural da economia, como conta o analista inglês.
"Também teve um impacto nas infraestruturas comerciais, as estradas e os portos. O porto da Cidade da Beira, que tem muito tráfego regional, também foi severamente afectado. Mas tem havido muita ajuda internacional para reconstruir o porto. E tem havido algumas medidas de mitigação para melhorar a resposta a desastres como este no futuro", acrescenta.
Contudo os investimentos na exploração de gás natural no norte de Moçambique vão ajudar o país a recuperar economicamente na próxima década.
"O anúncio de investimento da Anadarko foi divulgado, mas os lucros desse investimento só começar a partir dos meados da próxima década. Depois disso a economia vai crescer bem", considera o analista da EIU.
Angola e o desafio da diversificação
Em Angola, Nathan Hayes considera que as reformas na economia vão ser difíceis de implantar, num ano em que a produção de petróleo vai cair novamente.
"Vai ser muito difícil para o Governo angolano avançar com algumas reformas. A família Dos Santos ainda está muito envolvida em várias áreas da economia. Mas há muito potencial para as reformas irem mais longe", afirma.
Diversificar a economia angolana é fundamental e Nathan vê potencial em alguns sectores, mas o ambiente para os negócios ainda não é o ideal.
"Nós podemos ver algum crescimento no sector dos serviços. Também pode haver algum crescimento nos sectores dos minérios, da construção e da indústria. Com a inflação a descer um pouco, em especial nos próximos anos, isso pode ajudar os negócios a operar no país. Mas ainda é um mercado muito pequeno e o ambiente para os negócios é muito complicado, muitas empresas ainda passariam por alguns desafios", conclui.