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Egito condena funcionamento de barragem etíope no Nilo Azul

Lusa
20 de fevereiro de 2022

O Cairo condenou hoje a entrada em funcionamento da grande barragem construída pela Etiópia no Nilo Azul, denunciando "mais uma violação" do compromisso assumido por Adis Abeba em 2015 de não afetar os países a jusante.

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Construção da barragem do Nilo Azul (Foto de arquivo)Foto: Reuters/t. Negeri

"Depois de ter começado de forma unilateral a primeira e a segunda etapas do enchimento da barragem, (...), este passo é mais uma violação pela parte etíope dos seus compromissos assumidos na Declaração de Princípios de 2015", alertou o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio em comunicado este domingo (20.02).

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, lançou hoje oficialmente a produção de eletricidade na Grande Barragem do Renascimento Etíope, no Nilo Azul, ao pôr em funcionamento a primeira de 11 turbinas deste projeto milionário, fortemente contestado pelo Egito e pelo Sudão.

"O início da geração de eletricidade nesta barragem é uma bênção, não só para nós, mas também para o Egito e o Sudão", disse Abiy num discurso na inauguração.

Considerada o maior projeto hidroelétrico do continente africano e um dos maiores do género em todo o mundo, a barragem enfrenta a oposição do Cairo e de Cartum, que temem que afete o caudal de água do Nilo à passagem pelos seus territórios.

Acordo de 2015

O acordo referido pelo Ministério egípcio foi assinado em 2015 e estabelece que a barragem não deve afetar a economia, o caudal do rio ou a segurança alimentar de qualquer dos três países.

No entanto, as negociações realizadas desde então não permitiram pôr os três países de acordo, com o Egito e o Sudão a acusarem Adis Abeba de avançar com as sucessivas fases de enchimento da barragem de forma unilateral.

O Egito considera este tema uma questão de "segurança nacional", já que obtém do Nilo 90% da água que consome. 

O Nilo Azul, rio que conflui com o Nilo Branco e com o rio Atbara, é um dos principais afluentes do rio Nilo, sendo responsável, durante a estação chuvosa, por até 80% da água deste último. 

Sudão e Egito temem que a construção do projeto coloque o caudal do rio Nilo sob o controlo da administração etíope.

A Etiópia considera, por seu lado, que o projeto é estratégico para o seu desenvolvimento, tanto em termos de irrigação, como em termos de produção de eletricidade. 

Com cerca de 6.000 quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e eletricidade para cerca de 10 países da África Oriental.