Egípcios votam permanência de al-Sissi
20 de abril de 2019Os egípcios começaram este sábado (20.04) a votar no referendo sobre as alterações à Constituição, que permitirão a Abdel Fatah al-Sissi, Presidente desde 2014, a permanecer no poder até 2030.
As urnas abriram às 9h (horário local) e fecham às 21h. As votações prolongam-se por três dias, até segunda-feira (22.04).
Durante semanas, as ruas do Cairo e de outras cidades do país viram florescer cartazes favoráveis à revisão da Constituição de 2014, que limita a dois o número de mandatos presidenciais.
As emendas que permitem alargar o mandato do Presidente de quatro para seis anos, com término em 2024, foram aprovadas na terça-feira (16.04) no parlamento, por esmagadora maioria. O chefe de Estado poderá então apresentar-se a um terceiro mandato e governar até 2030.
As novas disposições, que terão que ser aprovadas no referendo, também preveem uma limitação da autonomia judicial e a institucionalização da ingerência das Forças Armadas, pilar do regime, na vida política.
Mustapha El-Sayyid, professor de ciência política da Universidade Americana do Cairo, frisou, em declarações à agência France-Presse (AFP), que esta série de emendas "não tem precedentes na história (moderna) do Egito".
Oposição silenciada
Al-Sissi, no poder após ter liderado um golpe de Estado militar em 03 de julho de 2013 quando assumia a pasta da Defesa e que derrubou o Presidente islamita Mohamed Morsi, foi reeleito Presidente em 2018.
De acordo com o portal noticioso egípcio da Internet Mada Masr, as autoridades bloquearam na segunda-feira 34.000 páginas daquela rede para "silenciar" a campanha da oposição contra as emendas constitucionais.
A oposição à revisão constitucional esteve praticamente remetida às redes sociais.
A larga maioria dos 'media', em particular a televisão, reproduz e enfatiza o discurso de Al-Sisi, diabolizando as vozes críticas, na sua maioria remetidas a um exílio forçado.
Na semana passada, a Human Rights Watch (HRW) apelou ao Congresso norte-americano para não apoiar a "repressão no Egito", quando Al-Sissi se encontrava de visita a Washington para reunir-se com o seu aliado Donald Trump.
Segundo aquela organização não-governamental (ONG), o "projeto de reforma constitucional (....) institucionaliza o reforço do autoritarismo". "Caso sejam adotadas, estas emendas constitucionais agravariam a crise devastadora dos direitos humanos" do Egito, alertou a HRW.