Angola: "Guerra de fake news" nas redes sociais?
15 de agosto de 2022"É um fenómeno mundial. Em épocas eleitorais, em todos os países do mundo, ninguém foge disso, temos a presença das 'fake news'", diz Osvaldo Mboco, autor do livro "As Eleições em Angola – De 1992 até Aos Nossos Dias", em entrevista à DW África.
No caso concreto de Angola, das oito formações políticas concorrentes ao pleito de 24 de agosto deste ano, o MPLA, o partido no poder, e a UNITA, o maior partido da oposição, lideram a lista das notícias falsas a circular nas redes sociais e na imprensa, considera Wilsony dos Santos, autor do livro "Comunicação – O Espelho de Um País".
"São visíveis muitas notícias falsas sobre um ou outro candidato que está ligado a um partido político. Sobretudo, os principais, aqueles que fazem e compõem o arco do poder em Angola que é a UNITA e o MPLA", afirma.
JLO e ACJ no centro das "fake news"
O também consultor de media e professor universitário aponta um exemplo, supostamente praticado pelos seguidores da UNITA contra o líder dos "camaradas", João Lourenço.
"Há uma notícia que andou a rolar, por exemplo, de que o Presidente João Lourenço não iria aceitar ou participar de um debate com o principal candidato da oposição, Adalberto Costa Júnior, de que os debates não levam comida à mesa. Foi uma invenção porque, no fim do dia, compilado aquilo que foi o discurso do Presidente João Lourenço, em nenhum momento ele teria feito essa afirmação", explica Wilsony dos Santos.
O autor aponta outro exemplo de notícia falsa, alegadamente protagonizado pelos militantes do MPLA contra o candidato da UNITA a vice-Presidente da República, Abel Chivukuvuku: "O candidato a vice-Presidente da República pela chapa da UNITA esses dias viu fazer uma conversa que não é verdadeira, até porque ele desmentiu logo a seguir, mas que foi manipulada e veiculada em quase todas as redes sociais como que tivesse tido uma abordagem diferente daquilo que é a do candidato Adalberto Costa Júnior".
Contornar as notícias falsas
Estando a campanha eleitoral na semana crucial, advinha-se que a guerra das notícias falsas, sobretudo na imprensa, vai ganhar força.
Por isso, Osvaldo Mboco aconselha aos eleitores das 18 províncias de Angola a conferir os factos antes de consumir qualquer informação aparentemente falsa.
"É importante saber lidar e saber contornar as várias informações que supostamente são falsas dentro das redes sociais", avisa.