Presidenciais no Egito com al-Sisi provável reeleito
26 de março de 2018O Presidente do Egito Abdel Fattah al-Sisi, de 63 anos, esteve entre os primeiros a votar na manhã desta segunda-feira sob forte segurança. Por todo o país, dezenas de milhares de polícias e militares foram mobilizados para garantir a votação, e veículos blindados foram posicionados em vários pontos ao redor da capital, Cairo, segundo avançaram fontes oficiais no país.
Os egípcios começaram a ir às urnas nesta segunda-feira (26.03) para escolher o líder do país. Mas os resultados dessas eleições presidenciais que vão até quarta-feira não terão muitas surpresas: Al-Sisi é apontado como favorito para um segundo mandato de quatro anos.
"Eu não consegui dormir durante a noite por causa da alegria que sinto em vir até aqui para dizer 'sim' à minha pátria, o Egito. Estou aqui para dizer 'sim' à estabilidade, ao desenvolvimento, aos nosso militares. Quando cheguei à assembleia de voto, escolhi Sisi porque ele tem tudo o que preciso", disse o cidadão egípcio Mohamed Raggay.
O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry e o Papa Tawadros II, da Igreja Ortodoxa Copta do Egito, cujas igrejas já foram alvo de diversos ataques no país, também votaram nesta segunda-feira para eleger o próximo Presidente, pedindo aos egípcios para votarem.
Segurança
Durante todo o processo de votação, o Governo egípcio procura a todo o custo garantir a segurança no país, principalmente depois do grupo radical Estado Islâmico ter ameaçado atacar algumas infraestruturas durante as atuais eleições.
No último sábado (24.03), dois polícias foram mortos num ataque com carro-bomba que tinha como alvo o chefe de segurança provincial de Alexandria. O chefe de segurança não foi ferido. Fontes oficiais no país disseram hoje (26.03) terem morto seis pessoas alegadamente envolvidas no atentado do fim de semana que antecedeu o início da votação eleitoral esta segunda-feira.
"Apelo ao voto”
Em suas recentes aparições pré-eleitorais, o Presidente al-Sisi apelou aos eleitores que aderissem em massa ao voto. As cidades egípcias, especialmente o Cairo, estão inundadas de cartazes com fotografias de Al-Sisi e mensagens de apoio ao candidato.
Recorde-se que em 2014, apenas 37% de cidadãos desse país participaram na votação que durou dois dias. A baixa adesão levou as autoridades a incluírem um terceiro dia, que culminou numa participação final de 47,5%.
Al-Sisi venceu a eleição para o seu primeiro mandato em 2014 com mais de 90% dos votos, apenas um ano depois do seu antecessor Mohamed Morsi ter sido deposto pelos militares. Na ocasião, o atual líder egípcio enfrentou Hamdeen Sabbahi, um político de esquerda estabelecido e muito mais conhecido do que o atual rival Moussa Mostafa Moussa.
Candidatos da oposição
O atual opositor de Al-Sisi, Mostafa Moussa, salvou a atual eleição de ter apenas um candidato pouco antes da data limite para as inscrições. Já negou ser apenas um "fantoche", mesmo tendo liderado uma campanha para reeleição de Al-Sisi desde o momento em que se lançou oficialmente como rival. Outros opositores foram descartados, incluindo o ex-chefe do Exército, Sami Anan, detido em janeiro, pouco depois de anunciar sua candidatura. Os militares argumentaram que o general infringiu a lei ao declarar sua candidatura.
Numa entrevista transmitida pela televisão egípcia na semana passada, Al-Sisi afirmou que a falta de candidatos sérios neste pleito presidencial não era sua culpa. "Eu gostaria que tivéssemos um, dois, três ou até dez melhores candidatos, assim se poderia escolher como quisesse", disse ele.
Apesar dos cerca de 60 milhões de egípcios registados para a atual votação, especialistas já falam numa fraca adesão. "É improvável que o número de votantes este ano atinja o patamar de 37%", disse o analista Mostafa Kamel al-Sayed. "O resultado é conhecido antecipadamente, e isso não encoraja os egípcios a votar", afirmou.