Eleições no Quénia e mortes na Nigéria dominam noticiário alemão sobre África
Apesar da eleição de Jorge Mario Bergoglio para Papa ter absorvido a atenção quase integral da mídia alemã, o continente africano foi citado por uma série de publicações. Algumas abordavam as repercussões sobre a eleição do Papa Francisco, referindo-se à decepção dos africanos que não conseguiram a cadeira branca no Vaticano. Mas, temas quentes da política em África também ganharam a atenção da mídia alemã.
Ainda no sábado, as eleições no Quênia repercutiam na imprensa germana, depois da eleição de Uhuru Kenyatta para a Presidência do país, especialmente pelo fato de correr um processo contra ele no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia.
O jornal Die Welt destacou a dificuldade da comunidade internacional em lidar com a eleição de Kenyatta. "Como lidar com um líder que é processado pelo TPI?" questiona o destaque da matéria.
Uhuru Kenyatta é aguardado em Haia no dia 9 de Julho para responder sobre crimes de guerra cometidos durante a onda de violência pós-eleitoral de 2007. Naquela época, o adversário do presidente cessante Mwai Kibaki, Raila Odinga, que agora também é o primeiro-ministro cessante do Quênia, também contestou a derrota nas eleições presidenciais. As violências resultaram na morte de cerca de 1.200 pessoas e geraram centenas de milhares de deslocados.
O Die Welt ressalta ainda a possibilidade de Raila Odinga, contestar os resultados no Supremo Tribunal do Quênia. Odinga, principal adversário de Kenyatta, conquistou apenas 43% dos votos, contra 50,07% para Uhuru Kenyatta.
Encruzilhada para o Ocidente
Também no Die Zeit, o dilema da comunidade internacional perante a eleição de Kenyatta foi tema esta semana.
"Quênia, um caso-teste para o Ocidente" foi a manchete do texto que também aborda este assunto: é preciso reagir ao fato de Kenyatta ser alvo de um processo no TPI, mas sem perder a parceria com o país, considerado estratégico para a política e influência sobre o continente africano.
O assunto também esteve em foco no Der Tagesspiegel, que explica ainda a importância da parceria com o Quênia. Nairobi é a base das Nações Unidas na África. O exército queniano luta contra a milícia Al-Shabab, ligada ao grupo terrorista AL-Qaeda, na Somália. Além disso, uma gama de organizações não-governamentais internacionais está presente na capital queniana, explica-se na reportagem.
Assassinato de reféns estrangeiros na Nigéria é "ato horrível de terrorismo"
Já a revista Der Spiegel abordou a execução de sete reféns estrangeiros na Nigéria. "A Nigéria sofre com a mais sangrenta tomada de reféns por décadas: extremistas muçulmanos mataram um britânico, um italiano, um grego, e quatro libaneses. Roma condenou os assassinatos como 'ato horrível de terrorismo", revela o sub-título da matéria.
Os assassinatos foram assumidos pelo grupo islamista Ansaru, uma fracção da seita Boko Haram, que afirmaram serem as mortes uma reação à tentativa da Grã-Bretanha e da Nigéria de tentar libertar os reféns.
Os estrangeiros trabalhavam para empresas de construção em Bauchi, no norte do país, e foram sequestrados em fevereiro passado.
O assassinato dos reféns estrangeiros na Nigéria ganhou destaque também no diário Frankfurter Allgemeine Zeitung. O jornal traz as reações oficiais dos governos dos países de origem dos reféns, todos confirmando a veracidade das mortes, sem assumir, porém, a tentativa de libertar os reféns - que teria motivado os assassinatos.
A reportagem traz ainda um perfil do grupo Ansaru, destacando os esforços do exército nigeriano, iniciados há duas semanas, contra pontos de apoio do Boko Haram no norte do país e que já contabiliza a morte de cerca de 50 e a prisão de mais de 70 membros do Boko Haram.
Autora: Cristiane Vieira Teixeira
Edição: Renate Krieger