Em 2015 moçambicanos esperam mais igualdade
29 de dezembro de 2014
Inspirados nos acontecimentos de 2014 e, alguns dos quais para esquecer, como por exemplo os sequestros e os desacordos entre a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), o partido no poder, e a RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique), o maior partido da oposição, cidadãos moçambicanos afirmam que, no país, tudo poderá continuar na mesma no ano prestes a iniciar.
O refreio nos investimentos macro-económicos verificado em 2014 e as incertezas relativamente ao futuro político do país são parte dos fatores apontados pelos cidadãos.
Mais ação e menos conversa
As desigualdades na distribuição da riqueza é outro problema que poderá continuar a enfermar a sociedade moçambicana, segundo o empresário Francisco Rocha:
"Essa história da distribuição da riqueza é um bom slogan político, mas não tem resultados práticos. Temos de deixar de ser menos políticos e mais interventivos, porque as palavras levam-nas o vento e tem sido mais palavras do que atuação."
E Rocha prossegue, dizendo que "há alguma descredibilidade em relação ao Presidente que há de sair, principalmente neste último mandato e devemos continuar assim até metade do ano que vem, porque ainda não temos os resultados das eleições, não temos um panorama muito claro. E pior do que isso é nem sabermos quem é que ganhou, de facto, isto."
Este argumento também encontra eco no testemunho do jovem Cremildo Paulo, vendedor ambulante em Maputo, há 15 anos.
Cremildo quer que, em 2015, se cultive um ambiente favorável ao negócio e que haja igualdade de oportunidades entre as pessoas e faz uma retrospetiva do ano que agora finda: "2014 foi um ano um pouco difícil em termos de negócios e também da saúde. É preciso melhorar o empreendedorismo, ter mais negócios, mais acesso, mais pessoas que entrem no país. Veja só, muitas pessoas desapareceram do país por causa dos sequestros."
Equilíbrio da divisão de oportunidades
Igualdade de oportunidades é o que, também, Calisto Francisco quer no ano que se avizinha: "Nosso país não é pobre, só que existe uma desigualdade, uma parte que quer mais e não consegue ver a outra. Em 2015 espero que tudo isso mude."
Mais trabalho e maior contato com familiares, é a expetativa de Divina de Sousa, cidadã escocesa que há dois anos vive em Maputo: "2014 foi um ano muito bom, tive uma promoção onde trabalho. No próximo ano vou trabalhar mais e vou visitar a minha família na Escócia."
2015 é o ano que marca o novo ciclo de governação de Moçambique, com a tomada de posse do novo Presidente da República, Filipe Nyussi. A expetativa é que se abram novas perspetivas de liderança dos destinos da chamada "pérola do Índico".