Em Angola, CASA-CE procura alternativas para contrariar ações do Governo
12 de dezembro de 2013Em entrevista a DW África, Xavier Jaime, um dos fundadores da CASA-CE, Convergência ampla de salvação nacional, falou sobre os temas discutidos no encontro. Também Manuel Hilberto Ganga foi tema da reunião, o jovem engenheiro que era líder juvenil da formação política e que foi assassinado pela guarda presidencial em Luanda, no dia 23 de novembro, após a sua detenção, quando colava cartazes de solidariedade com Alves Kamulingue e Isaías Cassule.
DW África: Como se justifica a escolha deste lema?
Xavier Jaime (XJ): O momento que Angola está a atravessar exige efetivamente essa reflexão, sobretudo para sabermos como marcarmos o nosso espaço, ou seja, o que se pretende no país em termos de política é a construção de um Estado democrático e de direito. E a construção desse Estado tem vindo a enfrentar uma série de obstáculos e barreiras e, por consequência, nós, CASA-CE, queremos dar o nosso contributo para a construção da democracia no país.
E para isso temos de estudar todos os métodos de luta a seguir. Teremos de abraçar métodos pacíficos, evidentemente, que possam impedir que o desenvolvimento da democracia seja travada e impedir que seja construído no país um sistema totalitário e autocrático como temos vindo a sentir.
DW África: Aliás, o que nos acaba de dizer foi, precisamente, a questão colocada pelo presidente Abel Chivukuvuku. Que postura civilista ou outra postura pacífica deverá a organização adotar no próximo ano?
XJ: A postura civilista assenta na obediência, na Constituição e outras leis. O que temos vindo a sentir é que a obediência à lei não tem trazido resultados efetivos. Esses últimos episódios na política do país, que culminaram com a morte de um nosso membro, o Hilberto Manuel Ganga, é a demonstração de que de facto andamos a marcar um passo à frente e dois atrás.
De facto, querem confundir as pessoas dizendo que estão comprometidos com a construção da democracia, mas o que se vê na prática não é isso.
O exemplo do Ganga é apenas um, basta reparar com alguma atenção na postura da comunicação social do Estado e vemos que ali existe um monólogo.
Curiosamente, o sistema fica contente ao dialogar consigo mesmo, mandando outras vozes para o ostracismo total. Quando não há possibilidade de os outros exprimirem as suas ideias é evidentemente mau... É uma utopia, uma aldrabice estar-se a falar no comprometimento da democracia, tal como o regime angolano vem sistematicamente a propalar.
DW África: A reunião avaliou a proposta da Juventude Patriótica de Angola de consagrar o jovem Manuel Hilberto Ganga como patrono da Juventude da CASA-CE. Essa deliberação já está tomada?
XJ: Já está definitivamente tomada, e portanto essa votação consagrou Ganga como patrono da Juventude Patriótica de Angola e determinou que o dia do seu assassinato seja consagrado dia da Juventude Patriótica de Angola.
DW África: No dia 23 de novembro de cada ano?
XJ: Exatamente.