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Emissoras "silenciam" em solidariedade à Rádio Capital

3 de agosto de 2020

Em nota, as rádios e televisões comunitárias da zona norte condenam "ato brutal" e cobram das autoridades explicações sobre a invasão da coirmã. Num gesto de solidariedade, emissoras paralisam atividades por 24 horas.

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Guinea Bissau Zerstörung Rádio Capital FM
Foto: DW/D. Iancuba

Cerca de 10 rádios comunitárias e dois canais de televisão decidiram suspender as atividades por 24 horas esta segunda-feira (03.08) num protesto em solidariedade à Rádio Capital. A emissora teve o equipamento e as instalações destruídas no sábado (24.07), após ser invadida por homens fortemente armados, que estariam com o uniforme da polícia da Guiné-Bissau.

Em comunicado, os órgãos de comunicação social da zona norte da Guiné-Bissau insurgiram-se contra o que chamam de "ato brutal para silenciar a comunicação social” e saem em defesa da "liberdade de imprensa e do Estado de direito democrático”.

A Rádio Capital, por sua vez, informou neste domingo (02.08) que uma semana depois do ataque não viu progresso na condução da investigação por parte das autoridades competentes. O bastonário da Ordem dos Jornalistas Guineenses (OJG), António Nhaga, exige a celeridade na investigação.

"Como jornalista, [o ministro da Justiça Fernando Mendonça] deve utilizar a Polícia Judiciária para encontrar uma resposta pelo menos em duas semanas. Deve contribuir para a investigação. O que a OJG pede é que seja rápida esta investigação. Não queremos discursos bonitos, mas sim coisas concretas”, exige Nhaga.

Com o silenciamento de uma das rádios mais ouvidas de Bissau e que tem criticado a atuação do atual regime de Umaro Sissoco Embaló, o bastonário acha que há "uma narrativa que está a ser construída contra o jornalismo guineense, que é fazer o jornalista ter medo de ter acesso à fonte de informação”.

Guinea Bissau Journalist Antonio Nhaga
Nhaga: "Uma resposta em pelo menos duas semanas"Foto: privat

Para Nhaga, o que aconteceu com a Rádio Capital é uma tentativa de silenciar a imprensa de forma "muito soft”.

Ainda na semana passada, o Governo guineense "repudiou" o ataque à emissora. 

Sem previsão de volta

Uma semana depois do ataque, a direção da Rádio Capital fez saber que não há sinais que levem à descoberta da verdade sobre quem está por trás do ataque.

Nos últimos sete dias, a Polícia Judiciária ouviu os responsáveis da emissora da capital guineense e a direção da Empresa de Eletricidade e Águas do país. A empresa pública teria substituído um controlador de corrente elétrica, o que alegadamente teria provocado o corte de luz nas instalações da emissora horas antes do ataque.

"Baseado nas explicações do responsável de segurança que se encontrava na rádio no momento do ataque, [sabemos que] quem veio à rádio foram homens com armas automáticas - que só o Estado tem o direito de possuir - e uniformes policiais. Quando temos essas descrições, só podemos acreditar que é um ato com alguma ligação com pessoas do Estado”, diz Sabino Santos, um dos responsáveis pela emissora.

O ataque motivou reações de toda a sociedade civil guineense e de vários partidos políticos. Em nota divulgada à imprensa do país, a direção da Rádio Capital informa que ainda não sabe quando vai retomar atividades.

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