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Empresários lusófonos unem-se pela projeção económica da CPLP

João Carlos (Lisboa)3 de junho de 2014

Vários empresários dos países lusófonos decidiram criar uma união de bancos, seguradoras e instituições financeiras para promover a livre circulação de pessoas, bens e capitais. O objetivo é projetar a econonia lusófona.

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Foto: cc by sa Santa Martha

As bases para a formatação de uma estrutura que consideram indispensável para o desenvolvimento económico foram lançadas na segunda-feira (02.06), em Lisboa, num encontro promovido pela Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A comissão instaladora da futura União dos Bancos, Seguradoras e Instituições Financeiras dos Países de Língua Portuguesa (UBSIF-CPLP) é agora uma realidade que se apresenta como o primeiro passo para a afirmação económica da comunidade lusófona. O objetivo foi juntar competências para ultrapassar os obstáculos e constrangimentos, com vista ao fomento dos negócios e investimentos.

Sitz der CPLP - Gemeinschaft der Portugiesischsprachigen Staaten
Sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em LisboaFoto: DW/J. Beck

A decisão saiu do I Encontro, em Lisboa, que durante esta segunda-feira reuniu executivos daquelas estruturas. O presidente da Confederação Empresarial da CPLP, o moçambicano Salimo Abdula, um dos promotores do evento, considera que o setor bancário é um pilar necessário ao desenvolvimento.

“É urgente que o setor bancário das seguradoras e das instituições financeiras dos nossos países estejam preparadas para dar uma resposta conjunta aos investimentos feitos nos países da comunidade”, reclama.

CPLP com 4% do comércio mundial

A esta ideia junta-se a proposta feita por Cabo Verde para a criação de um Banco de Desenvolvimento da CPLP. A comunidade dos países de língua portuguesa, que representa cerca de 4% do comércio mundial, está a olhar agora para o seu potencial económico com outros olhos, por força dos seus inúmeros recursos naturais, nomeadamente na área da energia, com a descoberta de mais petróleo e gás.

Perante o potencial existente, a confederação quer despertar a classe empresarial para parcerias que possam fazer crescer a economia e atraiar investimentos que criem emprego.

Na abertura do primeiro encontro, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, expressou o total apoio de Portugal para com a iniciativa empresarial.

“Os nossos agentes têm um conhecimento profundo da realidade empresarial dos países de língua portuguesa e poderão desempenhar um papel importante no reforço das capacidades produtivas e na diversificação da sua oferta”, afirmou, acrescentando “em matéria de capacitação institucional e empresarial, Portugal está disponível para dinamizar a concretização de ações de cooperação no âmbito da CPLP de nível técnico em domínios como energia, a geologia, o turismo, os transportes, as obras públicas ou as comunicações, entre outros”, frisou.

Pedro Passos Coelho mostrou-se ainda disponível para “facultar a experiência portuguesa no âmbito da formação para as pequenas e médias empresas e para o empreendedorismo”.

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As várias intervenções proferidas no Encontro, encerrado pela ministra das Finanças de Portugal, Maria Luís Albuquerque, realçaram como objetivo futuro a concretização do projeto da livre circulação de pessoas, bens e serviços, assim como a livre transferência de capitais.

A nova visão da CPLP é aplaudida pelo presidente da Comunidade de Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola (CEEIA).

Agostinho Kapaia, que está em Lisboa para participar esta terça-feira (03.06) na conferência “Internacionalização das Economias”, considera importante o passo dado pela Confederação Empresarial da CPLP.

“É extremamente importante para a comunidade das empresas de língua portuguesa. Isto é um sinal que os países estão preocupados em criar mais sinergias entre as empresas e em que o negócio que fala português possa cada vez mais crescer”, congratulou-se.

No final dos trabalhos, Salimo Abdula reconheceu que ainda há muito por fazer. O presidente da Confederação Empresarial aproveitou a ocasião e anunciou, no período da manhã, a entrada das instituições bancárias da Guiné Equatorial como membros associados da Confederação Empresarial, que nesta quarta-feira (04.06) assinala dez anos.

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Pedro Passos Coelho asseverou que Portugal está disponível para partilhar conhecimento com a CPLPFoto: Getty Images

O encontro contou com a parceria da CPLP, do Millennium BCP, banco português com capital angolano, e da Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (SOFID).

“Ciclo virtuoso”

O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) considerou esta terça-feira (03.06) que é "apropriado falar-se de um ciclo virtuoso de crescimento" na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, prevendo que este grupo adquira maior preponderância mundial.

"O futuro do conjunto dos países da lusofonia encaminha-se, de forma clara, para uma maior preponderância no panorama económico mundial", disse, na abertura da conferência Internacionalização das Economias, que decorre até quarta-feira em Lisboa.

"Prevê-se que o número de pessoas a falar português possa aumentar dos atuais cerca de 250 milhões para cerca de 325 milhões até 2050; é conhecida a abundância de recursos naturais no seio da CPLP, nomeadamente gás e petróleo (por exemplo, Brasil, Angola e Moçambique representam mais de 50% das descobertas petrolíferas dos últimos anos); os fluxos de investimento direto estrangeiro dirigidos aos países da CPLP têm sido intensos e crescentes, registando desde 2009 uma taxa de crescimento médio anual de cerca de 9%", enunciou.