Encontro entre Governo moçambicano e RENAMO sem consenso
1 de julho de 2013No encontro desta segunda-feira (01.07), esteve sobre a mesa um ponto prévio apresentado pelo Governo relacionado com o desarmamento da Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), o maior partido da oposição moçambicana.
As duas partes acordaram, no entanto, em realizar mais uma ronda negocial ao longo desta semana para preparar um encontro entre o Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama. Ambos manifestaram já a sua disponibilidade para se encontrarem.
José Pacheco, chefe da equipa negocial do Governo, defende a pertinência do debate neste momento do ponto sobre o desarmamento da RENAMO, na sequência da interdição da circulação de pessoas e bens por parte do o maior partido da oposição moçambicana a partir do dia 21 de Junho. “Exigimos o desarmamento da RENAMO. E vimos uma RENAMO não disposta a falar sobre este assunto”, declarou José Pacheco, no final do encontro.
Por seu turno, Saimone Macuiane, chefe da delegação negocial da RENAMO, entende que o ponto prévio do Governo constitui uma fuga para frente por parte do Executivo. Macuiane considera que o governo devia colocar a questão do desarmamento das forças da RENAMO quando as duas partes fossem discutir as matérias em agenda relativas às forças de defesa e segurança. “Este assunto merecerá o seu tratamento quando chegarmos a tratar o segundo ponto, que tem que ver com as forças de defesa e segurança”, disse.
Na sequência da interdição por parte da RENAMO da circulação de pessoas e bens no troço entre o rio Save e Muxúnguè, na província de Sofala, e na linha férrea Moatize-Beira registaram-se já vários incidentes. Estes ataques provocaram já vítimas entre civis.
Manifestações “instrumentalizadas”
O clima de tensão aumenta enquanto o Governo e a RENAMO não chegam a um consenso nas negociações. Os últimos dias foram marcados por manifestações de repúdio à guerra em vários pontos do país.
Esta segunda-feira, a Junta Nacional de Salvação da RENAMO (JNSR), uma facção do maior partido da oposição, acusou o Governo de Maputo de “instrumentalizar movimentos de manifestação” contra ataques de homens armados no centro do país. Estes ataques têm sido atribuídos à RENAMO, apesar de não terem sido reivindicados pelo partido de Afonso Dhlakama.
“As manifestações deviam ser sinceras e não instrumentalizada para fuga de responsabilidades”, disse à agência de notícias portuguesa Lusa Simone Muterua, porta-voz da JNSR.
Para a JNSR, é preciso “resolver todos os problemas que ameaçam a paz”, o que inclui outros “focos de instabilidade não políticos”, nomeadamente os desmobilizados de guerra e os “madgermanes”, os antigos trabalhadores moçambicanos na ex-República Democrática Alemã (RDA).