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Enviado da ONU vai a Malabo após tentativa de golpe

AFP | Lusa | ms
5 de janeiro de 2018

O enviado da ONU para a África Ocidental deve viajar para Malabo na próxima semana, depois de as autoridades terem anunciado uma tentativa de golpe de Estado, negada pela oposição. Facebook e WhatsApp foram bloqueados.

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Sipopo, subúrbio de Malabo (2013)Foto: AFP/Getty Images

"Condenamos todas as tentativas de tomar o poder inconstitucionalmente" no país, disse quinta-feira (04.01) um porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU) citado pela agência de notícias AFP. Revelou ainda que o enviado da ONU para a África Ocidental, François Louceny Fall, deverá partir para Malabo para conversações na próxima semana.

Na quarta-feira (03.01), o Exército da Guiné Equatorial anunciou ter abatido um "mercenário", na sequência de conflitos com um grupo de soldados a soldo, numa floresta junto às fronteiras com os Camarões e o Gabão.

O Governo da Guiné Equatorial acusou a "oposição radical no interior e no exterior do país" do alegado golpe de Estado frustrado na semana passada, que também gozou do "beneplácito de algumas potências".

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Malabo, capital da Guiné EquatorialFoto: Alexander Joe/AFP/Getty Images

O ministro de Estado da Segurança Nacional, Nicolás Obama Nchama, afirma, num comunicado publicado na página oficial do Executivo equato-guineense, que um grupo de mercenários do Chade, Sudão e República Centro-Africana entraram, no dia 24 de dezembro, nas localidades de Kie Osi, Ebebiyin, Mongomo, Bata e Malabo "para atacar", no Palácio de Cohete, Teodoro Obiang Nguema, de 75 anos, o Presidente há mais tempo no poder em África, desde 1979.

As autoridades dizem que o golpe supostamente foi encabeçada por um general - de origem chadiana - e orquestrado pelo líder do Cidadãos para a Inovação (CI), Gabriel Obono, mas este dirigente partidário negou estas acusações, referindo tratar-se de "uma completa montagem".

Acusações contra grupos políticos e oposição

"Os mercenários foram contratados por alguns equato-guineenses militantes de certos grupos políticos da oposição radical, tanto do interior como do exterior do país e com o beneplácito de algumas potências", lê-se na nota, que não especifica a que partidos ou países se refere.

O Governo equato-guineense afirma que, graças à cooperação com os Camarões, as forças equato-guineenses impediram essa operação, que resultou na "detenção de vários mercenários e a apreensão de uma grande quantidade de material bélico", segundo o comunicado. O Ministério da Segurança Nacional alerta que "alguns destes mercenários estão ainda infiltrados no território nacional". 

Äquatorialguinea Präsident Teodoro Obiang
Teodoro Obiang é o Presidente há mais tempo no poder em ÁfricaFoto: picture-alliance/dpa/S. Lecocq

O grupo de 17 alegados mercenários foi apresentado esta terça-feira (02.01) pelas autoridades de Malabo. Entre os detidos encontra-se pessoal dos hotéis onde os supostos "mercenários" se alojaram.

Na quarta-feira (03.01), a AFP noticiou que também o embaixador da Guiné Equatorial no Chade, Enrique Nsue Anguesom, foi preso em 30 de dezembro.

O Facebook, Whatsapp e VPNs na Guiné Equatorial foram bloqueados. "Há uma verdadeira falta de transparência sobre o que realmente está a acontecer", disse um diplomata na região citado pela AFP.

Chade: "Ameaça séria que África central"

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Chade, Mahamat Zene Cherif, considerou que a alegada tentativa de golpe de Estado na Guiné Equatorial "é uma ameaça séria que afeta toda a África central".

A declaração foi transmitida pela TVGE, televisão estatal da Guiné Equatorial, após uma audiência com Teodoro Obiang Nguema, que ocorreu quarta-feira (03.01). 

O governante chadiano defendeu que "todos os países da sub-região devem unir esforços para realizar investigações para não só entender o que aconteceu aqui, mas também para chegar à origem desta tentativa de desestabilização".  O ministro anunciou que viajaria, de seguida, para os Camarões, para contactar as autoridades locais sobre este caso. 

O Presidente do Chade, Idriss Déby Itno, exerce atualmente a presidência da Comunidade Económica e Monetária da África Central (CEMAC), constituída pelo Chade, Camarões, República Centro-Africana, Guiné Equatorial, Gabão e República do Congo.