Moçambique: Acordo Geral de Paz recordado em Roma
4 de outubro de 2017Protegidos atrás de vidros, os históricos documentos que colocaram fim a 16 anos de guerra civil, estavam expostos ao lado de fora da sala onde foram assinados, a 4 de outubro de 1992. Folhas de papel que, apesar da aparente fragilidade, mantêm o equilíbrio de uma paz que perdura.
O vice-ministro da Justiça de Moçambique, Joaquim Veríssimo, falou com a DW África. Chamou de "visionários" àqueles que assinaram o acordo. "Enquanto se dialogava aqui em Roma, no terreno em Moçambique ainda ocorriam confrontos armados. Imaginem essa dualidade de situação. Se não houvesse a convicção de que estávamos no bom caminho que era o do diálogo para encontrarmos uma solução, obviamente não estaríamos hoje a comemorar os 25 anos do Acordo Geral de Paz. É aqui que devemos tirar a lição no sentido de que todos os nossos problemas podem ser resolvidos através do diálogo e nada mais".
"Fórmula italiana"O professor Andrea Riccardi, ex-mediador de Santo Egídio - comunidade de leigos católicos com sede em Roma - no processo de paz moçambicano exaltou o êxito da "fórmula italiana de paz".
"Os mediadores não haviam interesses próprios na reconciliação", disse no seu discurso.Ele ressaltou que os dois anos e três meses de negociações mediados pela comunidade ganharam força quando a diplomacia italiana foi envolvida nos diálogos.
"Era um enorme sacrifício para a FRELIMO reconhecer a RENAMO", recordou Andrea Riccardi para acrescentar que "eu acredito que o acordo de paz não seja uma história do passado, mas é um método por meio do qual Moçambique vive".
Moçambique moderno e democrático
O diálogo e a paz já fazem parte do DNA de Moçambique, tal como a luta pela independência, também o diálogo e a paz. Eu penso que recordar esse dia é recordar Moçambique moderno e democrático".
E para os próximos 25 anos?
"Seguramente, a paz consolidada, mas também eu acredito o crescimento, o desenvolvimento e a luta contra à pobreza", conclui o ex-mediador de Santo Egídio.