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Espaços verdes de Maputo em risco

Romeu da Silva (Maputo)30 de maio de 2013

Jardins da capital moçambicana são destruídos para dar lugar à construção de centros comercais e residências de luxo, denuncia a organização ambientalista Livaningo, que não entende o que está por detrás deste negócio.

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"Boom" imobiliário preocupa ambientalistasFoto: DW/R. da Silva

Devido ao “boom” imobiliário, estão a ser destruídos muitos espaços verdes de Maputo, conhecida como “cidade das acácias” pelas árvores que abundam nos passeios de muitas ruas e avenidas da capital.

O Parque dos Continuadores, no leste da capital e a quatro quilómetros do centro da cidade, é património secular desportivo, cultural e histórico de Maputo e também não escapa a esta tendência. António Reina, da Livaningo, uma organização não governamental de defesa do meio ambiente, defende que o local deve ser preservado e mantido longe das pressões de grupos financeiros ou comerciais.

Para Reina, “o mais grave é que não se sabe qual é transparência deste negócio, quando se aliena um bem público para construções privadas.” Além disso, “ninguém sabe exatamente o que está por detrás deste negócio e como é que isso acontece”, explica.

Akazien in Maputo
Em Maputo, uma das cidades verdes de África, as acácias dão cor à capitalFoto: Romeu da Silva

De acordo com a Livaningo, também jardins públicos da capital moçambicana como o Jardim Dona Berta, o Jardim Tunduru e o Jardim dos Professores, que classifica como “ícones da cidade”, estão a ser destruídos para dar lugar à construção de centros comerciais e residências de luxo.

Destruição de mangais

António Reina deplora igualmente a destruição de mangais. No que antes eram mangais, hoje só se veem camiões a transportar areias, gruas e máquinas pesadas envolvidas na edificação das obras. “O mangal não é só o viveiro do camarão. Tem uma função muito grande na estabilização da hidrografia da zona. Serve como esponja que chupa água quando está a mais e deixa a água sair quando a água está a menos. Mantém um certo equilíbrio”, explica.

O vereador do Planeamento Urbano e Ambiente de Maputo, Luís Nhaca, afirma que estão a ser feitos esforços para recuperar os espaços verdes urbanos e preservar os mangais. “Elaboramos este plano com muita urgência, tendo em conta alguns desmandos”, diz, referindo-se às obras clandestinas e ao lixo deitado pelos munícipes nos mangais.

Mosambik Maputo Mangroven
Construção de residências de luxo em Maputo está a aumentarFoto: DW/R. da Silva

Crescimento descontrolado

O vereador reconhece que a cidade de Maputo está a crescer fora do controlo das autoridades municipais, trazendo consigo consequências dramáticas. “Isto traz consigo grandes desafios”, reconhece Luís Nhaca, que aponta como problemas o “boom” das construções, a forte tendência de ocupação de espaços verdes e crescimento de áreas de assentamentos informais.

Aproveitando as fragilidades na atuação do município de Maputo, a destruição de espaços verdes está a aumentar. Apesar de considerar que existem “estruturas mais do que suficientes para impedir ações nocivas a estas áreas”, o vereador reconhece que o município “ainda não está a funcionar de uma maneira eficiente de modo a garantir a preservação destas áreas.”

Ambientalistas alertam que a destruição dos mangais gera grandes prejuízos, inclusive para a economia, uma vez que se perdem importantes fracções ecológicas desempenhadas por esses ecossistemas.

Espaços verdes de Maputo em risco