Especialistas alertam para regresso de ex-combatentes do EI
20 de novembro de 2015Recentemente um especialista em segurança do Gana advertiu que mais de 10 combatentes islamistas regressaram ao país. Antes de viajarem para a Síria, eram estudantes e hoje são uma ameaça, afirma Mutaru Mumuni Muqtar, diretor do Centro de África Ocidental para Combater o Extremismo, em Accra.
"Certamente que o seu regresso representa uma grande ameaça em termos de segurança assim como perigo para a sociedade, porque essas pessoas têm a tendência para radicalizar mais pessoas e envolvê-las em atos de violência," considera.
"Penso que as agências nacionais de segurança têm de adotar uma postura de alerta para minimizar efeitos em termos de mais radicalização," recomenda o especialista.
Mutaru Mumuni Muqtar alerta que mais jovens ganeses e cidadãos da África Ocidental possam ter sido atraídos pelo grupo terrorista Estado Islâmico.
Ação dos recrutados africanos
Pouco se sabe ainda sobre o assunto, mas amaior parte dos jovens recrutados de origem africana não vem de África: são os filhos e netos de migrantes africanos que vivem na Europa e nos Estados Unidos.
Ao contrário de muitos jovens que partem de países ocidentais para a Síria em busca de uma aventura, de um sentido para a vida ou no que os especialistas chamam de "turismo de terror", os jihadistas provenientes de África são, normalmente, bem qualificados, mas sem oportunidades de emprego e perspectivas de vida.
Assim, organizações terroristas como o Boko Haram, que pagam aos seus combatentes, acabam por se tornar aliciantes.
Quando os jovens terroristas regressam, mesmo a países em paz como o Gana, os seus financiadores esperam alguma operação em troca. Afinal, regressam com novas competências, contactos e recursos financeiros.
Treinamento via internet
Já no caso de Estados onde há muito grupos terroristas dominam partes do território, como na Somália e na Nigéria, a situação é diferente: intensificou-se a comunicação entre o grupo radical nigeriano Boko Haram e o Estado Islâmico, por exemplo, aponta o jornalista e autor Marc Engelhardt.
"A utilização de vídeos no site YouTube, por exemplo, tornou-se muito mais moderna. Esse conhecimento foi adquirido for pessoas que estiveram na Síria, Iraque e noutros campos de treino do Estado Islâmico. Esses vídeos ensinam como fazer bombas ou como lidar com determinado armamento," revela.
Por isso, os especialistas alertam para o regresso de ex-combatentes do Estado Islâmico aos países de origem. E Mutarui Mumuni Muqthar, diretor do Centro de África Ocidental para Combater o Extremismo em Accra, apela ao Governo ganês para leis mais rigorosas.
"Precisamos de envolver grupos da sociedade civil, grupos religiosos e todo o tipo de associações que possam apoiar em termos de informação. Deve haver integração da informação. As agências de informação nem sempre têm acesso a informação relevante. E muitas vezes os grupos da sociedade civil têm um acesso mais próximo que o Estado," conclui.