Esperança renasce para empresários em Cabo Delgado
17 de julho de 2023A relativa estabilidade que se vive em muitas regiões de Cabo Delgado, anteriormente alvo de incursões terroristas, está a trazer esperança aos agentes económicos locais. Muitos empresários estão a reabrir as suas empresas, impulsionando a recuperação económica da região.
O presidente do Conselho Empresarial provincial, Mamudo Irache, destaca que diversos setores estão a voltar à normalidade .
"No distrito de Palma já temos 285 [empresas que reabriram]. Isso é um bom sinal. No distrito de Macomia já estamos a reconstruir as nossas infraestruturas comerciais. Em Quissanga, o Governo do distrito estabeleceu-se recentemente e os empresários já estão a mobilizar-se para estarem dentro do distrito", conta.
Áreas recuperam estabilidade
Mocímboa da Praia, que foi o berço do extremismo violento e ocupada pelos terroristas por cerca de um ano, agora está a recuperar, tendo mais de 400 empreendimentos comerciais retomado sua atividade.
No distrito de Palma, 285 empresas já reabriram e em Macomia, as infraestruturas comerciais estão a ser reconstruídas.
Em Quissanga, o governo do distrito foi restabelecido recentemente, e os empresários mobilizam-se para se estabelecerem na região.
Os ataques terroristas afetaram um total de 4965 empresas, desde microempresas até grandes empresas.
Questionado sobre a origem dos recursos para a reinstalação das empresas, Mamudo Irache explica que o setor empresarial em Cabo Delgado criou um método de empréstimo entre os agentes económicos, já que os apoios governamentais estão focados principalmente em questões humanitárias.
"Nós fomos perceber que os apoios simplesmente estão mais concentrados na fase humanitária e não na fase dos empresários. Não tendo essa possibilidade de receber apoio ao nível do governo, nós - como empresários - criámos um modelo de cooperação", afirma.
Relançamento do setor privado
Como parte do Plano de Reconstrução de Cabo Delgado, o Ministério da Indústria e Comércio criou o Programa de Relançamento do Setor Privado (PRSP III), que oferece apoio financeiro aos empresários afetados pelo terrorismo por meio de créditos reembolsáveis. Até o momento, 174 empresários receberam financiamento e estão retomando seus negócios.
Nocif Magaia, diretor da Direção Provincial de Indústria e Comércio em Cabo Delgado, destaca que o projeto PRESP permitiu alocar 35 milhões de meticais para os agentes económicos em sete distritos afetados pelo terrorismo.
No entanto, ressalta que a recuperação económica na região deve ser gradual e que o PRESP não resolverá todos os problemas enfrentados pelo setor privado. É necessário que a economia em geral se fortaleça e gere procura e negócios para todos.
"O grande propósito deste projeto PRESP era relançar a atividade económica que tinha sido duramente afetada pela instabilidade. Este propósito foi atingido: 98% dos projetos financiados estão a ser executados pelos beneficiário", revela Magia.
"Através do PRESP utilizamos agências de microcrédito locais que também se beneficiaram deste processo para relançar a sua atividade de crédito a nível rural", conclui.
Medidas de estímulo à economia
Recentemente, o presidente da Assembleia Provincial de Cabo Delgado, Francisco Loureiro, defendeu a criação de medidas específicas de estímulo à economia na região, considerando as dificuldades enfrentadas devido ao extremismo violento.
Loureiro questionou o Gabinete de Reformas Económicas no Ministério de Economia e Finanças sobre a possibilidade de incentivos para atrair trabalhadores e empresários para as áreas afetadas.
"Portanto, que incentivos podemos dar ou abrir mão ainda para que possamos incentivar pessoas a irem nessas zonas trabalhar e fazer negócio?", pergunta.
O presidente da Assembleia Provincial de Cabo Delgado é de opinião que a estabilização de Cabo Delgado é um processo contínuo, e que é necessário um esforço conjunto do governo, empresários e comunidade para impulsionar a recuperação económica e garantir um futuro próspero para a região.