"Estado de saúde de Luaty Beirão é péssimo"
14 de outubro de 2015Continua a agravar-se o estado de saúde de Luaty Beirão, um dos 15 ativistas angolanos detidos desde junho acusados de planear um golpe de Estado contra o Presidente José Eduardo dos Santos.
Em entrevista à DW África, Raúl Mandela, membro do Conselho Nacional dos Ativistas de Angola, diz que o "companheiro de luta" já não consegue andar, mas promete, ainda assim, continuar a greve de fome que iniciou a 20 de setembro para exigir a libertação do grupo de detidos.
O ativista luso-angolano Luaty Beirão está desde o dia 9 de outubro no hospital-prisão de São Paulo, em Luanda. Segundo Raúl Mandela, os ativistas que estão em liberdade farão uma manifestação nesta quinta-feira (15.10) em Luanda, durante o discurso do Presidente da República, José Eduardos dos Santos, na Assembleia Nacional.
DW África: Qual é o atual estado de saúde de Luaty Beirão?
Raúl Mandela (RM): O estado dele é péssimo. Já não consegue andar, desloca-se numa cadeira de rodas. A assistência médica é débil. Ele já não consegue andar porque está em greve de fome, uma vez que está detido injustamente. Está a protestar, mas o Governo está a ignorar o estado de saúde do Luaty, está a deixar o nosso companheiro muito debilitado.
DW África: Têm conseguido ter contacto com o Luaty Beirão? É possível visitá-lo?
RM: Visitámos o Luaty Beirão ontem (13.10) e vimos que o estado dele é muito preocupante. Estivemos juntos. Ele nem está a comer, só bebe chá. É muito complicado.
DW África: Durante a visita, o que é que o ativista disse sobre a sua situação?
RM: Diz que vai continuar a fazer greve de fome porque está detido injustamente. Vai continuar, mesmo naquele estado em que se encontra, até que o Governo venha resolver esta situação de tortura.
DW África: Têm alguma informação sobre a duração da estadia de Luaty Beirão na Prisão Hospital de São Paulo? Quanto tempo estará internado?
RM: De momento não temos qualquer informação. É uma situação extremamente caricata.
DW África: Para além de Luaty Beirão, há também outros ativistas em greve de fome neste momento?
RM: Claro. Está o Nelson Dibango, detido na psiquiatria [hospital psiquiátrico penitenciário de Maianga, Luanda]. Albano Bingo e o Domingos da Cruz, detidos na prisão de Calomboloca, também iniciaram uma greve de fome.
DW África: Há também relatos de distúrbios no hospital-prisão e alegadas agressões ao ativista Benedito Jeremias. O que é que aconteceu, ao certo?
RM: Benedito foi espancado no hospital-prisão de São Paulo. Estava a reivindicar um direito consagrado na Constituição que dá liberdade ao recluso, e a polícia prisional bateu-lhe.
DW África: E vocês, os ativistas que estão em liberdade, que organizaram com estes jovens detidos várias manifestações, estão a planear alguma ação de protesto?
RM: Temos muitas manifestações marcadas. Temos um protesto amanhã (15.10), uma vez que o Presidente da República vai discursar na Assembleia. Vamos protestar em frente à Assembleia Nacional para exigir a libertação dos detidos.