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Está em perigo o ano agrícola em Cabo Verde?

Nélio dos Santos (Cidade da Praia)26 de junho de 2015

A falta de chuva em Cabo Verde preocupa o país, que teme impactos negativos na produção alimentar e criação de gado. As previsões pluviométricas para o arquipélago lusófono não são muito encorajadoras.

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Foto: DW/D. Almeida

Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Cabo Verde revelam uma certa confusão e contradição e, como tal, não permitem ter uma ideia exata do que poderá acontecer este ano em termos pluviométricos, como revelou à DW África o técnico do instituto António Pereira. “Os grandes centros meteorológicos, à exceção do Brasil, estão a prever uma situação pluviométrica deficitária para o arquipélago de Cabo Verde. Mas o Instituto Nacional e Pesquisas Espaciais do Brasil, prevê uma pluviometria normal e satisfatória para essas ilhas no periodo entre os meses de agosto e outubro”.

Segundo António Pereira, uma pluviometria deficitária significa “a incapacidade em termos agrícolas para o país garantir uma produção alimentar segura para as populações, nomeadamente as rurais, ao longo do ano inteiro”.

Governo e imprensa falam de previsõs pouco animadoras

Há já algum tempo que a imprensa cabo-verdiana e o próprio Governo vêm alertando que as previsões pluviométricas não são nada animadoras.Contudo, ainda sem todos os dados, a ministra do Desenvolvimento Rural, Eva Ortet, avisa a população que deve preparar-se para o pior. “Na verdade temos que trabalhar a pensar no pior. Cabo Verde tem enfrentado ciclicamente periodos de seca, como aconteceu no ano transacto e este ano o quadro poderá repetir-se. Daí que o Governo esteja a trabalhar afincadamente para que 2015 seja muito melhor do que o ano passado. Por exemplo, estamos a aumentar a capacidade para a retenção das àguas das chuvas que eventualmente venham a cair sobre o arquipélago”.

Dürre in Kap Verde
As zonas rurais dem Cabo Verde já começam a sentir a escassez das chuvasFoto: DW/D. Almeida

Se a seca atingir novamente o arquipélago, será pelo segundo ano consecutivo. Recorde-se que 2014 foi marcado por uma fraca precipitação e, consequentemente, por um mau ano agrícola.

Autoridades mobilizam recursos junto dos parceiros

Para não ser apanhado desprevenido, o Governo já está a mobilizar recursos junto dos seus parceiros internacionais, como afirmou à DW África, o titular da pasta do Desenvolvimento Rural, Eva Ortet. “Um montante financeiro de cerca de 500 mil euros vai ser disponibilizado imediatamente para micro-realizações (pequenas obras), salvamento do gado e melhoria das condições de cultivo das zonas irrigadas. Por outro lado, temos alguns projetos financiados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e outros recursos conseguidos no âmbito das mudanças climáticas . Em paralelo o Governo está a mobilizar a nível internacional outros recursos com vista a fazer face a um eventual mau ano agrícola”.O Executivo está a trabalhar num plano de salvamento de gado, com apoio direto às famílias, disponibilizando água para os animais, ração a preço subvencionado e assistência técnica. “Já no início do próximo mês de julho, vamos arrancar com pequenas intervenções nos vários concelhos do país com o objetivo de minimizar os efeitos da seca, mas o Governo vai focalizar principalmente a sua ação no apoio à pecuária”, destacou Eva Ortet.

Ao mesmo tempo, o Governo está a estudar a possibilidade de reduzir o preço do milho e da ração para animais, como forma de ajudar os criadores de gado a fazer face ao período crítico por que passam neste momento.

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