Etiópia anuncia eleições a 5 de junho de 2021
26 de dezembro de 2020A Etiópia irá realizar as suas eleições parlamentares a 5 de junho do próximo ano, anunciou a comissão eleitoral do país na sexta-feira (25.12), após o pleito marcado para agosto de 2020 ter sido adiado devido à pandemia do novo coronavírus.
O partido do primeiro-ministro Abiy Ahmed enfrenta a oposição de partidos de base étnica que procuram mais soberania para as regiões que representam.
A segunda nação mais populosa de África, com cerca de 110 milhões de habitantes, tem um sistema federal e 10 governos regionais, muitos dos quais têm disputas fronteiriças ou em situação instável.
Recentes ataques armados
O número de mortos no ataque armado ocorrido na quarta-feira (23.12) na região de Benishangul-Gumuz, no oeste do país, aumentou para 222, de acordo com uma voluntária da Cruz Vermelha etíope citada pela agência noticiosa Reuters. Na sexta-feira (25.12), Melese Mesfin disse que o número incluía 207 vítimas e 15 atacantes.
De acordo com a Comissão Etíope dos Direitos Humanos, um organismo independente ligado ao Governo, os residentes de Metekel, uma zona na região de Benishangul-Gumuz, foram mortos de madrugada enquanto dormiam.
Este ataque é o mais recente de uma série de atentados nos últimos meses na região, onde residem habitantes dos grupos étnicos oromo e amhara - os dois mais numerosos no país - e shinasha, adianta a agência de notícias AFP.
Segundo os dirigentes locais, estes ataques são perpetrados por membros da etnia gumuz e motivados por fatores étnicos.
Violência preocupa UE
O principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell, afirmou numa declaração em nome do bloco que os relatos de violência étnica e outras alegações de violações dos direitos humanos deveriam ser investigados de forma independente.
A UE está a acompanhar de perto a crise na Etiópia e está preocupada com a situação humanitária, acrescentou Borrell, descrevendo os relatos sobre o envolvimento contínuo de atores não etíopes como preocupantes.
Conflito em Tigray
O adiamento das eleições foi um dos fatores que provocaram tensões entre Abiy Ahmed e a área dissidente de Tigray, que acabou por ver o primeiro-ministro enviar tropas para a região no mês passado, numa ofensiva militar que deixou milhares de mortos e levou a que dezenas de milhares de outros procurassem refúgio.
Tigray realizou as suas próprias eleições em setembro, desafiando o Governo federal, que declarou a votação como ilegal.