Etíopes no Djibuti
A Etiópia e o Djibuti sempre tiveram um bom relacionamento, principalmente no que se refere à diáspora. Muitos etíopes moram e trabalham no Djibuti.
Djibuti: Vital para a Etiópia
Há muito que o Djibuti tem uma importância estratégica e comercial para a vizinha Etiópia, especialmente depois de este último ter perdido a Eritreia, na década de 1990, e com isso, o acesso ao mar. Sem litoral, a Etiópia importa quase tudo através do porto de Djibuti, na capital com o mesmo nome. Navios etíopes chegam regularmente ao Golfo de Tadjura. A carga segue para a Etiópia em camiões.
Dependentes de caminhões
Uma linha ferroviária que ligava Adis Abeba à cidade de Djibuti, construída no início do século 20, era responsável pelo transporte de mercadorias da costa à capital etíope. Mas desde o início do século 21, a Etiópia tem sido dependende das rodovias. Agora, a linha férrea deverá ser reabilitada em breve, graças a um empreendimento chinês.
"Pequena Etiópia" no Djibuti
A proximidade do Djibuti gerou muita migração de etíopes para o país vizinho. Estima-se que atualmente vivam 50 mil etíopes no Djibuti. “Muitas pessoas vieram depois de a junta militar marxista-lenista (Derg) ter assumido o poder”, conta Ashenaf Harege, do centro comunitário etíope. É aqui que muitos celebram datas festivas e se encontram para se informar sobre o que está a acontecer na Etiópia.
Sabores caseiros
O centro serve comidas e bebidas típicas da terra natal. O Governo do Djibuti isenta o restaurante local de pagar impostos. "Eu vim para o Djibuti porque os salários são melhores", conta Haile Gebremedhin (à direita) que trabalha numa empresa de transportes. "É bom morar aqui, principalmente se compararmos com outras cidades da região. Claro que há problemas, mas as pessoas são boas", completa.
Identidade religiosa
O Djibuti é predominantemente muçulmano. Diariamente, os fiéis são chamados para orar. Aos domingos, a Igreja de São Gabriel, perto do centro comunitário, celebra uma missa ortodoxa, onde os etíopes religiosos vão. Tanto o centro quanto a igreja foram construídos em terra doada pelo Governo do Djibuti. "Em outros países, as pessoas julgam-nos pela religião. Aqui ninguém se importa", diz Haile.
Devoção ortodoxa
Nas dependências da igreja, as mulheres cobrem-se com xailes brancos, feitos com tecidos delicados. Durante a missa, o sacerdote segura uma cruz de metal. No ar paira um cheiro de incenso. Os fiéis mais devotos podem curvar-se perante a imagem da Virgem Maria e mais tarde aproximar-se do sacerdote para tocar com os lábios e a testa numa cruz de madeira que o religioso segura nas mãos.
Ficar ou voltar?
Muitos etíopes que moram no Djibuti, principalmente os que têm filhos, ficam divididos entre ficar no país ou voltar à Etiópia.
Luta diária
”Faço muitos trabalhos, como limpezas. É muito difícil encontrar emprego a tempo inteiro”, conta Samuel, de 24 anos. Chegou há 12 anos, quando o seu pai foi assassinado durante o regime marxista-lenista (Derg). Samuel e a mãe foram para perto da fronteira com o Djibuti. Ele atravessou a fronteira sem passaporte e foi preso. "Sem documentos, só se for clandestinamente num navio", lembra.
Viver perigosamente
Tanto Alex (à esq.), de 25 anos, como Zerihun, de 29, moram em Djibuti sem documentação. Eles já foram a muitos lugares ilegalmente, de navio, como Singapura e a Cidade do Cabo. Agora, eles trabalham lavando carros e recolhem lixo. "Viver a fugir da polícia é uma vida de cão”, desabafa Zerihun. Alex discorda: "Vivemos como verdadeiros soldados".
À procura de "sira"
A maioria dos etíopes no Djibuti foram atraídos pelo "sira", que em amárico ( idioma oficial da Etiópia) quer dizer "trabalho". "No Djibuti, trabalhar nos serviços de limpeza rende tanto quanto ser professor em Adis Abeba", diz Hussein, em Tadjura, onde o amárico também é um idioma bastante falado, assim como em Obock, ainda que as línguas oficiais do Djibuti sejam árabe e francês.