EUA incitam Guiné-Bissau a cumprir acordo de Conacri
7 de março de 2017Os Estados Unidos da América instaram as autoridades da Guiné-Bissau, nomeadamente o seu Presidente, a implementar o acordo de Conacri assinado para acabar com a crise vigente no país.
A situação em que se encontra o país atualmente é a razão pela qual chega a Bissau,esta quarta-feira (08.03), um emissário do Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, mediador da crise guineense, para exigir o cumprimento do acordo assinado na capital daquele país entre os atores políticos da Guiné-Bissau, no passado mês de outubro.
Recorde-se, que o acordo visava a formação de um Governo de consenso, o regresso dos quinze deputados expulsos do PAIGC, a procedência e a nomeação de um primeiro-ministro de confiança do Presidente, mas que reunisse o mínimo de consenso entre as partes.
Embaixador americano faz apelo
Esta terça-feira (07.03), num encontro no país, o embaixador dos Estados Unidos da América para a Guiné-Bissau, Gregory Garland, apelou ao Presidente guineense, José Mário Vaz, que cumpra o acordo de Conacri como solução para a saída da crise vigente. "Estamos a monitorizar o que acontece aqui. Sublinhamos publicamente a importância de cumprir com o acordo de Conacri como solução", afirmou.
Aos jornalistas, Cipriano Cassamá, Presidente da Assembleia Nacional, detalhou o teor do documento que entregou na segunda-feira (06.03) ao Presidente guineense para acabar com a crise. A solução passa necessariamente pela nomeação de Augusto Olivais (dirigente do PAIGC) como primeiro-ministro e pela formação de um novo Governo. Segundo Cassamá, este documento "tem tudo para a implementação do acordo de Conacri, desde a nomeação do primeiro-ministro, passando pela definição da orgânica e formação do Governo, realização da mesa redonda para elaboração do programa, preparação do pacote legislativo das reformas, desembocando num mecanismo de seguimento e avaliação na questão da reintegração dos quinze deputados do PAIGC".
Troca de acusações
O PAIGC acusou esta terça-feira (07.03) o Partido da Renovação Social (PRS), partido que sustenta o atual Governo de Umaro Sissoco, de estar a preparar a convocação, pelos deputados do PRS e do PCD (Partido da Convergência Democrática), de uma sessão plenária para forçar a aprovação do Programa de Governo, por via da violência. Num comunicado a que a DW teve acesso, o grupo parlamentar do PAIGC adverte a opinião pública nacional e internacional para as "consequências imprevisíveis que uma eventual e irresponsável prática do género, por parte do Presidente da República, poderá representar para o país".
Segundo o grupo parlamentar do partido mais votado nas últimas eleições, na reunião do Conselho de Estado, o Presidente guineense, José Mário Vaz, declarou que já não pode sentar-se "a sós" com o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, razão pela qual convocou os conselheiros de Estado para ouvirem juntos o que ele tem a propôr como saída para à atual crise política. O PAIGC lembra que José Mário Vaz fez este mesmo tipo de declaração quando se preparava para demitir o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira.