Ex-ministro dos Transportes em prisão preventiva em Luanda
22 de setembro de 2018De acordo com um comunicado divulgado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola esta sexta-feira (21.09), o antigo ministro dos Transportes angolano, Augusto Tomás, teria sido detido, indiciado pela prática dos crimes de peculato, corrupção, branqueamento de capitais, entre outros crimes puníveis pelo Código Penal.
No documento, a PGR refere que o processo corre os seus trâmites na Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), relacionado ao caso que investiga atos de gestão do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), órgão afeto ao Ministério dos Transportes.
A nota informa também que, além do ex-governante, foi igualmente detido Rui Manuel Moita, ex-diretor-geral adjunto para a Área Técnica do CNC.
Ambos ficarão em prisão preventiva, decretada nos termos da Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal.
"O processo prossegue a instrução preparatória com caráter secreto, com vista à sua conclusão e posterior remessa ao tribunal competente", lê-se no comunicado.
Mais cedo, o porta-voz da PGR, Álvaro João, havia informado ter sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva a Augusto da Silva Tomás e a "alguns membros do Conselho Nacional de Carregadores".
A detenção de Augusto Tomás foi igualmente confirmada à agência Lusa por fonte dos serviços prisionais, que informou que o antigo governante angolano se encontra "privado de liberdade" desde a tarde desta sexta-feira, no Hospital Prisão São Paulo.
Exoneração polémica
Augusto da Silva Tomás foi afastado do cargo de ministro dos Transportes pelo Presidente de Angola, João Lourenço, em junho deste ano, não tendo sido avançados os motivos da sua exoneração - a primeira entre os ministros empossados em setembro de 2017 - pelo novo chefe de Estado angolano.
A exoneração de Augusto Tomás, antigo ministro da Economia e Finanças de Angola e na tutela dos Transportes desde a presidência do então chefe de Estado José Eduardo dos Santos, ocorreu envolta em polémica sobre uma anunciada parceria público-privada para a constituição de uma companhia aérea.
Na altura, João Lourenço declarou apenas, sem avançar mais pormenores, que a parceria não iria avançar.
"Não vai adiante, não vai sair, não vai acontecer, por se tratar de uma companhia fictícia", disse João Lourenço.
Sobre o Conselho Nacional de Carregadores, a Inspeção-Geral do Estado já tinha anunciado este ano que estavam a decorrer investigações, por alegada gestão danosa àquele órgão tutelado pelo Ministério dos Transportes.