Expectativa e silêncio no rescaldo do dia de voto em Bissau
5 de junho de 2023Mais de 24 horas depois da votação na Guiné-Bissau, o ambiente na capital guineense está tranquilo e a população em expectativa para conhecer os resultados oficiais, ainda que provisórios, das sétimas eleições legislativas na história democrática do país.
O clima esta segunda-feira (05.06) nas sedes das principais formações políticas guineenses também é de acalmia, sem música ou festejos, contrariamente ao festim de domingo, dia do sufrágio.
Domingos Simões Pereira, líder da Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e coordenador da coligação Plataforma da Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka, disse à DW África que "não há dúvidas" sobre a vitória desta congregação partidária. Mais cauteloso é Muniro Conté, da diretoria nacional da campanha eleitoral daquela organização, que prefere esperar a divulgação dos resultados pelas entidades competentes.
"Nós vamos fazer a fé de que as CRE [Comissões Regionais de Eleições] e a CNE [Comissão Nacional de Eleições] vão fazer confiança nos resultados que receberam das mesas de apuramento. E nós, como pessoas que fizeram a análise das atas de apuramento nacional, pensamos que pode haver protestos e reclamações, mas isso não vai alterar os resultados", frisou.
Partidos em silêncio
A DW África contactou fontes de vários partidos que participaram nas eleições de domingo para se pronunciarem sobre o processo, mas os responsáveis preferiram não adiantar para já mais informações.
O chefe da missão de observadores eleitorais da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e antigo Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, faz uma avaliação positiva do processo de votação na Guiné-Bissau, apesar de algumas dificuldades, nomeadamente com o adiamento do pleito para esta segunda-feira (05.06) em Dacar.
"Mas globalmente pareceu-me um processo tranquilo e bem organizado. Agora, ainda estamos a aguardar a divulgação dos resultados e esperamos que os resultados sejam aceites por todos, democraticamente", sublinhou Jorge Carlos Fonseca.
Sissoco Embaló não autoriza protestos
Depois de ter votado no domingo em Gabú, no leste da Guiné-Bissau, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, disse que não deve haver razões para contestar os resultados a serem divulgados pela CNE.
"Quem perder, quer queira quer não, tem de aceitar os resultados, porque o poder é devido, Deus é que o dá, e não se pode querer o poder a todo o custo, de vida ou morte", assinalou.
O chefe de Estado promete ainda "mão pesada" a qualquer manifestação de rua visando a contestação dos resultados eleitorais.
Na terça-feira (06.06), as diferentes missões internacionais de observação eleitoral, compostas por cerca de 200 membros, devem também pronunciar-se sobre o processo de votação no país.