Falta combustível em Maputo
30 de janeiro de 2017Há dias que falta combustível na capital moçambicana, Maputo, além de outras cidades.
"A situação é crítica. Passei em mais de dez bombas e não há combustível. Não sei como vão ser os próximos dias", diz Carlos Bernardo, um automobilista.
As autoridades garantem que não há "crise" de combustível, justificando a escassez apenas com uma "rotura" de stocks temporária.
"Houve alguma falha de logística em termos de recepção do combustível [importado], o que originou a quebra da cadeia de distribuição", disse o Director Nacional de Hidrocarbonetos e Combustíveis, Moisés Paulino. "Neste momento, o Governo está a fazer a reposição de stocks nos postos que tiveram essa rotura, em coordenação com as empresas distribuidoras de combustíveis e as gasolineiras."
Paulino adiantou que já chegou combustível aos terminais oceânicos de Maputo, Beira e Nacala, no sul, centro e norte do país respetivamente, esperando-se que a situação comece a voltar à normalidade ainda esta segunda-feira (30.01).
E a crise económica?
Muitos associam, no entanto, a falta de combustível à atual crise económica e financeira no país, na sequência da retirada da ajuda dos parceiros internacionais ao Orçamento do Estado moçambicano desde o ano passado, após a descoberta de dívidas não declaradas pelo Governo. O Fundo Monetário Internacional também suspendeu um empréstimo que concedeu a Moçambique.
"Se o país enfrenta escassez de divisas, naturalmente que não está em condições de comprar combustível quando precisa dele", comenta o analista Fernando Gonçalves.
Gonçalves admite que o país possa registar crises cíclicas de combustível enquanto não resolver a atual situação: "Vamos ter estas quebras, apesar de o Governo ter vindo dizer que é apenas um problema logístico, que seria resolvido imediatamente", diz Gonçalves.
Mas Moisés Paulino nega que haja qualquer ligação entre a falta de combustível e a atual situação económico-financeira.
"Não tem nada a ver com a crise financeira, porque o Governo faz questão de prover serviços básicos, apesar da existência desta crise ", afirmou o Director Nacional de Combustíveis. "O combustível é um serviço básico que tem que existir, à semelhança da água, energia e pão. É importante para sairmos da situação financeira não boa em que nos encontramos."
Moisés Paulino negou, igualmente, que a falta de combustível esteja relacionada com um eventual aumento dos preços.