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Famílias expulsas em Benguela para dar lugar a projecto imobiliário

Nelson Sul D' Angola (Benguela)7 de novembro de 2014

Mais de 60 famílias que se dedicam há anos à exploração de sal no Lobito, na província angolana de Benguela, estão a ser expulsas das salinas pela administraçao municipal sem qualquer indemnização nem aviso prévio.

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Foto: DW/N. Sul D' Angola

Segundo populares, as salinas existem há mais de 30 décadas, quando ainda não existia o chamado “Bairro Cabaia”, onde vivem mais de 60 famílias que sobrevivem da exploração de sal natural.

Contam que foram parar àquela área depois de lhes terem sido retiradas as suas lavras. Foi nas salinas que encontraram uma fonte de sustento para poderem alimentar os seus filhos e mandá-los para a escola, conta o salineiro Horácio Kambuta.

“Estão a entulhar as nossas próprias salinas sem nos indemnizarem. As salinas são os nossos fundos. A maior parte da população que está cá sobrevive das salinas”, explica o jovem.

“Sentimo-nos desprezados”

Presume-se que estas famílias estejam a ser expulsas da referida área para dar lugar a um projecto imobiliário. Por isso, Horácio Kambuta pergunta às autoridades angolanas se com esta acção não estariam a combater os pobres ao invés da pobreza.

Salinen in der angolanischen Provinz Benguela
O salineiro José Manuel, de 63 anos, lamenta a atitude das autoridadesFoto: DW/N. Sul D' Angola

“É como se não pertencêssemos à mesma Angola, como se não fossemos filhos do próprio país. Sentimo-nos desprezados porque não respeitam os próprios angolanos”, lamenta o jovem salineiro.

José Manuel, de 63 anos, que até aqui sobrevivia da exploração de sal natural, vê mais uma vez agravada a sua situação social e económica. O antigo combatente lamenta a atitude das autoridades locais.

“O povo votou no MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder]. Como é possível que todas estas famílias que se encontram aqui, onde têm as suas parcelas, não tenham sido indemnizadas?”, questiona.

Estudo de impacto ambiental

O caso está a ser acompanhado pela organização não governamental OMUNGA. A associação da sociedade civil considera que, em primeiro lugar, deveria ser feito um estudo de impacto ambiental antes de se proceder ao entulhamento das salinas do Lobito.

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A ONG angolana acredita que a produção de sal natural marinho deveria ser protegida e que a zona deveria ser classificada como de interesse ecológico.

Por outro lado, a OMUNGA entende que qualquer acção das autoridades não deve perder de vista o facto de aquela zona ser a única fonte de rendimento para muitas famílias.

A DW África contactou o administrador municipal do Lobito, Amaro Ricardo Segunda, que não quis prestar qualquer esclarecimento.