Uma festa da literatura lusófona
3 de novembro de 2017Desde segunda-feira (30.10.) vêm acontecendo atividades relacionadas ao certame como ações de formação, visitas às escolas e uma feira do livro. A partir desta sexta-feira (03.11.) haverá concertos, sessões de poesia e mesas de debate com escritores nacionais e estrangeiros. "A construção de narrativas ilustradas”, "É doce morrer no mar” e "Em busca de um futuro” são alguns dos temas que vão ser debatidos.
Arménio Vieira, Germano Almeida, Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Osvaldo Osório, Vera Duarte, Dina Salústio, Afonso Cruz e Valter Hugo Mãe são alguns dos 40 escritores que vão participar na I edição da Morabeza - Festa do Livro.
Contato literário com o exterior
Vera Duarte, a presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras, entende que esta é uma oportunidade para os escritores cabo-verdianos conhecerem outros mercados e trocar experiências com autores estrangeiros: "Os escritores cabo-verdianos poderão discutir sobre temas e conteúdos literários, sobre livros, sobre como fazer a divulgação das suas obras e sobre como chegar a um número cada vez maior dos leitores”.
Vera Duarte refere que a iniciativa do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde reúne todas as condições para garantir o sucesso: "Temos aqui uma mistura interessante entre as artes plásticas, simpósio, seminários”. Duarte adianta que o certame se passará em vários espaços, incluindo a Universidade de Cabo Verde, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde e a Biblioteca Nacional, "que assume o seu papel de coordenadora da Política Nacional da promoção do livro e da literatura”, disse Duarte à DW África.
Em busca da internacionalização
À procura da internacionalização de autores cabo-verdianos a Morabeza - Festa do Livro já se conectou com outras feiras mundiais, sublinha o ministro Abraão Vicente: "A Feira da Palavra, a Rota das Letras, o LeV de Matosinhos, a feira de Frankfurt, a feira de Paraty no Brasil. Basicamente nós estamos aqui a abrir possibilidades de autores cabo-verdianos fora da feira Morabeza para que também possam participar nos festivais internacionais e nós iremos financiar essa internacionalização”.
Abraão Vicente anunciou a instituição do prémio literário Arnaldo França numa parceria entre o Governo cabo-verdiano, a Imprensa Nacional de Cabo Verde e a Casa da Moeda de Portugal. O ministro da Cultura justifica a criação deste prémio como uma forma de homenagear o poeta, ensaísta e historiador Arnaldo França por ter servido de uma maneira generosa a investigação literária e científica ligada às letras em Cabo Verde.
Um prémio para durar
Abraão Vicente acrescenta que: "Este prémio será um prémio para durar e será um prémio credível o qual os escritores cabo-verdianos com certeza terão de se esforçar para ganhar. Creio que, agora, qualquer escritor cabo-verdiano quererá ter no seu currículo o Prémio Arnaldo França, só o nome soa a importante”.
Arnaldo Carlos de Vasconcelos França, nasceu na cidade da Praia em 1925 e morreu em 2015. Reconhecido como poeta, ensaísta, académico, crítico, estudioso e historiador da literatura cabo-verdiana, é um dos nomes maiores da cultura cabo-verdiana. É autor, entre outras obras, de "Notas sobre Poesia e Ficção Cabo-Verdianas" (1962). Colaborou com a INCM na "Obra Poética", de Jorge Barbosa.
A abertura oficial da Morabeza - Festa do Livro acontece no largo do memorial de Amílcar Cabral, uma forma de homenagear o pai das nacionalidades cabo-verdiana e guineense.