Feira do Livro: Lisboa volta a promover a leitura lusófona
6 de junho de 2016Durante pouco mais de duas semanas, o Parque Eduardo VII, em Lisboa, recebe centenas de editoras e livreiros, para promover a leitura em português – e não só.
A comemorar a sua 86.ª edição, a Feira do Livro arrancou a 26 de maio e termina no próximo dia 13 de junho e conta com várias iniciativas, para miúdos e graúdos.
A pensar nos leitores de palmo e meio, o dia 1 de junho, Dia Internacional da Criança, foi marcado por atividades que levaram os mais pequenos à descoberta das estórias. A magia dos textos e dos contos infantis tem como principal objetivo despertar nas crianças o gosto pela leitura, ao mesmo tempo que desenvolve a parte criativa e imaginativa.
Maria José Leite, bibliotecária, reconhece a importância da leitura no desenvolvimento das crianças, independentemente do autor dos contos. “Quando estamos na biblioteca, geralmente há um ou outro autor de quem gostamos mais, mas mostramos todo o tipo de autores de livros infantis e infanto-juvenis, a crianças com nove, dez anos de idade”, explica.
Literatura em português além-fronteiras
Um dos principais eventos de promoção da leitura em Portugal, a Feira do Livro promove várias sessões de autógrafos com vários escritores. Pepetela, José Eduardo Agualusa e Ondjaki, três dos autores mais procurados pelos visitantes, fizeram parte da lista de convidados das editoras para assinar as obras dos seus leitores.
Aproveitando para promover o seu último livro, “Se o Passado Não Tivesse Asas”, um romance onde retrata a realidade dos últimos 20 anos em Angola, Pepetela passou pelo evento no domingo (05.06).
“Os Três Magníficos”, de Rui Verde, foi um dos títulos que também marcou presença nesta edição da Feira do Livro.
Uma viagem entre Portugal, Angola e Brasil, onde é feito um retrato de negócios ligados à corrupção no mundo político dos três países, baseado em factos públicos. O livro foi apresentado na segunda-feira (30.05), na FNAC do Chiado, por Nuno Garoupa, professor de Direito na Universidade do Texas.
“O livro faz uma análise e tenta casar os factos todos. Nesse aspeto, é possível ver que há ligações profundas entre o que se passa em Angola, no Brasil e em Portugal”, explica Rui Verde. “[O livro] também acentua que as investigações que decorrem em Portugal e no Brasil deviam ser feitas a nível internacional porque, no fundo, está sempre uma espécie de rede informal em ação.”
O autor destaca as relações entre o “Movimento para a Libertação de Angola (MPLA), que financia o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula [da Silva]; Lula põe dinheiro no Espírito Santo em Portugal; o Espírito Santo de Angola financia o [José] Sócrates. É uma teia. Há, de facto, ligações e este livro tenta pôr essas ligações a nu”.
Os livros como forma de viajar
Pelas mãos da editora Colibri, o português Nuno Madeira Rodrigues estreia-se com o seu romance “Príncipe do Equador – Entre Portugal e São Tomé e Príncipe”. “Procurei uma estória que tivesse interesse humano e que, acima de tudo, permitisse aos leitores fazer uma viagem e conhecer este país fantástico”, explica o autor.
Para além da estória dos protagonistas, o livro leva-nos a conhecer “pequenas localidades, pequenas particularidades, a cultura, a história e aspetos sociais relevantes do país”. Com “O Príncipe do Equador”, Nuno Madeira Rodrigues espera ter criado um “bom cartão de visita, com o qual as pessoas possam aprender mais sobre o país, de uma forma mais descontraída”.
A Feira do Livro de Lisboa termina no próximo dia 13 de junho e irá contar com três sessões de autógrafos do escritor angolano Ondjaki, nos dias 10, 11 e 13.
A 11 de junho, António Araújo irá apresentar o livro “Racismo em Português”, da jornalista Joana Gorjão Henriques, uma edição da Tinta da China, editora do livro “Diamantes de Sangue”, de Rafael Marques. O tribunal provincial de Luanda decretou a retirada do livro do mercado, mas a editora considerou que “a decisão do juiz não tem jurisdição na Europa”. “Diamantes de Sangue” já vai na oitava edição.