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Festival Músicas do Mundo homenageia Amílcar Cabral

CARLOS, Joao25 de julho de 2013

Decorre em Sines, Portugal, o Festival Músicas do Mundo. Este ano o Festival celebra 15 anos de existência. No evento desfilam sonantes nomes dos PALOP, com estilos para todos os gostos e todas as idades.

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Depois da abertura na quinta-feira (18.07.) e pausa no domingo (21.07.), os concertos voltaram esta semana aos palcos do Festival de Sines, com término no próximo dia 28 de julho.

Uma das figuras que se fez ao palco neste festival foi a jovem angolana, nascida em Luanda, Aline Frazão, cantora da linha do jazz. Ela apresentou temas com influências do Brasil, de Portugal e de Cabo Verde.

O cabo-verdiano Jon Luz também mostrou os seus dons no Centro de Artes de Sines. Apenas com um disco produzido em 2006, o compositor e intérprete, que mais tem contribuído para o sucesso de grandes artistas de Cabo Verde, apresentou-se a solo e com brilho próprio.

Jon Luz trabalha sobre as tradições da morna e da coladeira, com influências da música portuguesa e da pop.

Homenagem a Amílcar Cabral em Sines

E ainda em Sines foi feita uma homenagem à figura de Amílcar Cabral, considerado o pai da nacionalidade guineense.

A iniciativa "Amílcar Cabral é uma arma" incluiu a projeção do documentário "As Duas Faces da Guerra", dos realizadores Diana Andringa e Flora Gomes.

O rapper cabo-verdiano Chullage, da Plataforma Gueto, que também desfilou no festival explica: "Nós viemos falar de Cabral aqui. Não estamos dentro da comunidade, o que às vezes é uma tristeza. Para nós esse é um palco como outro, para onde temos que ir falar da nossa luta. É um palco que tem promoção, visibilidade."

A música produzida pelo grupo Batita foi antes um momento alto do festival.

O Batida é um projecto aberto a outros músicos convidados. Ele foi criado por Pedro Coquenão, que nasceu no Huambo e cresceu nos subúrbios de Lisboa.

No palco, o grupo combina o ritmo, a poesia, a dança e imagens em vídeo para contextualizar cada tema.

A Batida pode ser visto como uma espécie de espelho para os angolanos que vivem em Portugal, como se pode depreender das palavras de Coquenão: "Batida acaba por ser um pouco o resumo da minha vida, mas que é a história das pessoas que cresceram em Angola, que por uma ou outra razão tiveram de sair do país, e que passados alguns anos e aquela idade em que fugimos um pouco a música dos nossos país, acabamos por voltar a ela."

Batida sem censura

Batida, que voltou a Sines, surgiu em 2007 como um programa de rádio até se transformar mais tarde em música afro-eletrónica e com bastante aceitação do público, reflexo da convivência entre Portugal e Angola.

Para Pedro Coquenão as fronteiras não representam um impedimento: "É tudo o que se sente tanto em Lisboa como em Luanda. São cidades que têm muito em comum, faz-se kuduro e kizomba nas duas. E acaba por ser mais do que a exploração, é um bocadinho refletir essa convivência."

Depois dos shows por vários países, virá a pausa necessária. O grupo de Paulo Coquenão, que nalguns dos seus temas recorre à crítica social e política, tem à vista um novo disco e concertos internacionais em agosto.

Entre os planos deste jovem luso-angolano fica o desejo de levar a Batida a Angola, caso surja um convite sem censura.