Fim da era Castro em Cuba
Dificilmente alguém em Cuba pode lembrar-se de ter vivido sem os Castro. Pela primeira vez, a partir de 19 de abril, os Castro não comandam mais o país. Por quase 60 anos, os irmãos governaram o país com mão de ferro.
1959 - A revolução triunfa
Os rebeldes liderados por Fidel Castro chegam ao poder depois de derrubar o ditador Fulgêncio Batista em janeiro. Os EUA reconhecem o novo Governo. Logo, "leis revolucionárias" (como a reforma agrária) afetam empresas americanas. Em dezembro, o Presidente republicano Dwight D. Eisenhower aprova um plano da CIA para derrubar Castro em um ano e substitui-lo por "uma junta amiga dos EUA".
1960 - Aproximação a União Soviética
Eisenhower proíbe exportações para Cuba (menos comida e remédios) e suspende a importação de açúcar. A resposta de Cuba foi a nacionalização de bens e empresas americanas e iniciou relações diplomáticas e comerciais com a União Soviética. No funeral das vítimas da explosão do cargueiro francês La Coubre (foto), Cuba responsabiliza a CIA, e Castro lança o seu lema "pátria ou morte!"
1961 - Rutura e invasão fracassada
Os EUA rompem relações diplomáticas com Cuba e fecham a sua embaixada em Havana em janeiro. Após bombardeamentos contra aeroportos e incêndios em estabelecimentos comerciais, cuja autoria Cuba atribui aos EUA, Castro proclama o caráter socialista da revolução a 16 de abril. Entre 17 e 19 daquele mês, cubanos treinados pelos EUA tentam invadir a ilha pela Baía dos Porcos, mas fracassam.
1962 - A crise dos mísseis
"Não sei se Fidel é comunista, mas eu sou fidelista", disse em 1960 o líder soviético Nikita Kruchov. Moscovo reata relações diplomáticas com Havana e aumenta o seu apoio. A URSS instala bases de mísseis nucleares em Cuba, desencadeando a "crise dos mísseis". Moscovo cede à pressão de Kennedy em troca de os EUA se comprometerem a não invadir Cuba e desativarem as suas bases nucleares na Turquia.
1971 – Fidel Castro no Chile
O episódio da Baía dos Porcos acelera a proclamação do caráter socialista, marxista-leninista, da revolução. Cuba acaba por ser expulsa da Organização dos Estados Americanos. Castro fica isolado no continente, mas não para sempre. Ele é recebido no Chile pelo Presidente Salvador Allende (foto), que foi derrubado por Augusto Pinochet em 1973.
1989 – A hora da Perestroika
A chegada ao poder de Mikhail Gorbatchov em Moscovo marca o início da era da Glasnost e Perestroika. A Cortina de Ferro começa a ruir, e o império soviético arruína-se. Cuba perde a sua principal base de sustentação no exterior, entrando em crise aguda. Milhares de cubanos tentam fugir para Miami em embarcações precárias. Muitos analistas preveem o fim do regime castrista.
1998 – A primeira visita do Papa
Um decreto de Pío 12 proibia aos católicos o apoio a regimes comunistas. Por causa disso, o Vaticano excomungou Fidel Castro em janeiro de 1962. Mas, com o fim da Guerra Fria, chega o momento da reaproximação: em 1996, Castro visita o Papa João Paulo II, e este retribui a visita dois anos depois, numa viagem considerada histórica.
2002 - Fidel Castro e Jimmy Carter jogam Baseball
Desde que os EUA impuseram o seu embargo comercial, económico e financeiro, em 1962, houve poucos momentos de distensão entre Washington e Havana. Um deles foi a viagem do ex-Presidente americano Jimmy Carter a Cuba, em 2002, motivada pela intenção de encontrar pontos de aproximação.
2006 - Fidel Castro e Hugo Chávez
A partir dos anos 90, Cuba deixa de ser visto como um país exportador perigoso de revoluções. Com a queda do bloco comunista no Leste Europeu, as ideologias de esquerda entram em crise. Mas, na Venezuela, chega ao poder um novo dirigente, disposto a propagar a "Revolução Bolivariana". Hugo Chávez, declarado admirador de Fidel, passa a dar a Havana um respaldo importante, também na área económica.
2006 - A entrega do poder
A doença forçou Fidel Castro a abandonar o poder. Em 2006, ele passa-o para as mãos do seu irmão Raúl, uma garantia de que não haveria reviravoltas num sistema que, apesar dos avanços na educação e saúde, cobrou um alto preço: o da falta de liberdade e repressão. Fidel foi se despedindo do poder aos poucos, defendendo até o fim a sua visão, através das páginas do jornal "Granma".
2014 - Degelo temporário
Em dezembro de 2014, os presidentes dos EUA, Barack Obama, e o de Cuba, Raúl Castro, anunciaram que retomariam as relações diplomáticas. Obama visitou Cuba em março de 2016. Tinham passado 88 anos desde a última vez em que um Presidente americano viajou à ilha. EUA retiraram Cuba da lista de terrorismo e deu início ao processo de retomada das relações diplomáticas.
2016 - A morte de Fidel Castro
Tantas vezes anunciada e desmentida, a morte do líder foi inicialmente recebida com desconfiança. Entretanto, a 25 de novembro de 2016, os bares fecharam mais cedo e as reuniões de amigos nas ruas se dispersaram com a notícia. Durante anos, Fidel Castro desmentiu rumores da sua morte com a publicação de fotografias ou artigos de opinião.
2018 – O sucessor dos Castro
Depois de dez anos, Raúl Castro retira-se do poder. A 19 de abril, o Parlamento cubano elegeu um sucessor que, pela primeira vez em quase 60 anos, não leva o sobrenome Castro: o vice de Raúl, Miguel Díaz Canel. Entretanto, analistas julgam improvável que o curso político em Cuba mude logo.