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Moçambique: fiscais florestais acusados em roubos de madeira

Marcelino Mueia (Quelimane)26 de janeiro de 2016

O abate indiscriminado e roubo de pau-ferro na reserva de Gilé, Zambézia, está a preocupar as autoridades. Os fiscais florestais são acusados de cumplicidade no roubo e comércio ilegal das madeiras.

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Camião a carregar madeira na província de Manica (arquivo)Foto: DW/J. Beck

Autoridades governamentais, organizações ambientalistas e outras da sociedade civil preocupam-se e tentam combater o abate e roubo da madeira de pau-ferro.

A RADEZA, uma rede de organizações locais, apoiada pelo governo alemão, divulgou recentemente um estudo onde classifica como "inquantificável" a madeira roubada em diversas áreas devastadas na zona tampão da reserva do Gilé, a norte da Zambézia. Daniel Maula, diretor executivo da RADEZA, estima que o volume da madeira roubada tenha triplicado nos últimos dois anos em relação aos anos anteriores. "Está viciada a situação de fiscalização. Os fiscais existem na reserva em grandes quantidades, estamos a dizer fiscais da Reserva Nacional do Gilé, temos fiscais do Governo, e temos fiscais de proteção de recursos naturais. Estes grupos entraram no negócio, há envolvimento a vários níveis. As comunidades estão a cortar as árvores, a liderança também e alguns governos locais estão igualmente envolvidos neste processo. Há denúncias até mesmo sobre os próprios agentes que estão ligados à administração da reserva. A verdade é que antes da instalação desta força de proteção de recursos naturais, esta situação não se verificava", lamenta Daniel Maula.

Daniel Maula
Daniel Maula, diretor executivo da RADEZAFoto: DW/M. Mueia

O diretor da RADEZA informa ainda que a sua organização vai propôr em breve diversas medidas que devem ser implementadas visando a proteção das árvores. As propostas serão posteriormente remetidas ao Governo para aprovação. O objetivo é terminar com o "circuito de contrabando" que se instalou na região. Daniel Maula explica: "esta madeira explorada foi escoada via Nampula, não foi via Quelimane. As gentes de Quelimane perderam controlo da fiscalização".

Pau-ferro com alto valor comercial na Ásia

O governo da província da Zambézia demonstra também preocupação com o contrabando de madeiras. O diretor substituto da Direcção Provincial de Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural da Zambézia, Zaqueu Chicuate, adiantou que as serrações madeireiras instaladas nas proximidades das reservas serão removidas para permitir mais fiscalização nas mesmas. "Aquela área é concebida como área de proteção total. Então não se pode fazer nenhuma exploração. Há indícios que muitos carros saiem daquela zona. Há suspeitas que os cortes são feitos dentro da reserva. Isso preocupa o Governo provincial, assim como o Governo moçambicano. Existem camiões que fogem aos postos de fiscalização. Temos que redobrar esforços para que isso não aconteça", explica Chicuate.

Zaqueu Chicuate, Vize-Direktor von Direcção Provincial de Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural da Zambézia , Mosambik
Zaqueu Chicuate, diretor substituto da Direção Provincial de Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural da ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

O pau-ferro é a espécie florestal preferida para furtos, pois apresenta um alto valor comercial no mercado asiático, principalmente na China e na Índia, como destaca Zaqueu Chicuate.

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