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FMI: Contenção da dívida é desafio para Moçambique

Leonel Matias (Maputo)
5 de junho de 2018

O Fundo Monetário Internacional considera que Moçambique continua a crescer muito abaixo do seu potencial e recomendou políticas económicas, que incluem a contenção da dívida pública.

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Foto: DW/M. Sampaio

Moçambique precisa adotar um conjunto de medidas para acelerar o ritmo de crescimento económico, foi o que recomendou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira (04.06), durante uma apresentação em Maputo.

Segundo o representante daquele organismo em Moçambique, Ari Aisen, é preciso "prosseguir com o ajustamento fiscal para um relaxamento mais rápido da política monetária e apoiar a redução do crédito".

FMI: Contenção da dívida pública é desafio para Moçambique

Ainda de acordo com Aisen, esse ajustamento fiscal não deve ocorrer em detrimento de setores mais vulneráveis, e o país deve continuar o engajamento com os credores no processo de reestruturação da divida pública para trazê-la a uma trajetória sustentável, e continuar com reformas estruturais para a melhoria do ambiente de negócios.

Ari Aisen apontou que Moçambique registou défice fiscal na ordem dos 8% em 2017, o que, apesar de ter melhorado este ano, continua muito superior à média da África Subsaariana, dos países de baixa renda ou da própria SADC, a Comunidade de Estados da África Austral. Além disso, o stock da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) atingiu níveis de sobrendividamento insustentáveis, rondando os 112%.

Desafio

Para o FMI, constitui um desafio de momento saber como acelerar o ritmo de crescimento da economia moçambicana depois dos choques que o país experimentou em 2016 em termos de trocas comerciais, fatores climáticos, tensão política, além da quebra de confiança com os investidores e parceiros internacionais.

O representante daquele organismo em Moçambique indicou que o PIB do país registou 6,6% em 2015, 3,8% em 2016 e 3,7% no primeiro trimestre deste ano devendo registar até Dezembro uma taxa de crescimento de 3%. "Estas taxas de crescimento que já vêm por três anos ficam bem abaixo do que se acredita que é o potencial que a economia moçambicana tem de crescer", afirmou.

A desaceleração da economia pode ter também como um dos fatores a estagnação do crédito ao sector privado, na opinião do representante do FMI. Ari Aisen indicou que o crédito bancário ao Governo aumentou significativamente desde 2017, enquanto o crédito ao setor privado diminuiu. 

Mosambik Stadtansicht von Maputo
Maputo Foto: Imago/photothek/T. Trutschel

"Se o Governo precisa se financiar e emite muitos títulos da dívida pública, as taxas de juros de financiamento aumentam e o setor privado precisa então de se financiar a uma taxa de juros mais elevada", explicou Aisen, ressaltando que isto dificulta a disponibilização de recursos às empresas privadas.

Para o representante do FMI, Moçambique tem estado a aproximar-se muito mais da estabilidade externa, através do ajuste desproporcional da iniciativa e do investimento privado.

Apesar da atual situação, Ari Aisen admite que há muitos elementos positivos sobre a administração macroeconómica do país. "O ambiente político-militar melhorou. Isto é muito positivo para o crescimento económico. A inflação reduziu, o mercado cambial mantém-se balanceado e as reservas internacionais aumentaram”, acrescentou.

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