Polícia reprime protesto contra o golpe militar no Sudão
17 de novembro de 2021Milhares de pessoas protestaram esta quarta-feira (17.11) na capital do Sudão contra o Governo militar instalado a 25 de outubro, após um golpe de Estado.
Segundo a agência France Press, várias pessoas ficaram feridos por disparos de bombas de gás lacrimogénio sobre os manifestnates. Diversos atos foram interrompidos pelas forças de segurança durante o dia em Cartum. Manifestantes entoavam cantos e frases contra o "poder militar", desafiando a polícia.
A repressão a protestos no Sudão já causou a morte de 24 manifestantes. Apesar de as autoridades provocarem apagões nas comunicações telefónicas e nos serviços de internet desde os finais de outubro, ativistas continuam a organizar atos contra o golpe militar.
Recessão democrática
Os protestos ocorrem quando o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chega ao Quénia para uma visita a três estados africanos. Blinken exortou as nações africanas a estarem atentas às crescentes ameaças à democracia. "Temos visto ao longo da última década o que alguns chamam uma recessão democrática", disse.
Os Estados Unidos suspenderam cerca de 700 milhões de dólares em assistência ao Sudão em resposta ao golpe, o que travou a transição democrática que se seguiu à queda do ditador Omar al-Bashir, em 2019.
O general Abdel Fattah al-Burhan declarou estado de emergência, destituiu o Governo e deteve as lideranças civis responsáveis pela transição. Burhan insiste que a ação dos militares "não foi um golpe", mas um empurrão para "retificar o curso da transição".
A secretária de Estado Adjunta dos EUA para os Assuntos Africanos, Molly Phee, tem estado a negociar com os generais e o Governo civil destituído, numa tentativa de intermediar uma saída para a crise.