Franceses vão às urnas em eleições que podem "mudar o jogo"
30 de junho de 2024Os eleitores franceses responderam com grande afluência às urnas este domingo (30.06) à primeira volta das eleições legislativas antecipadas, que poderão alterar a trajetória da França e levar o partido de extrema-direita de Marine Le Pen a assumir o poder, numa estreia histórica.
O Presidente Emmanuel Macron surpreendeu a nação ao convocar eleições antecipadas depois de o partido de extrema-direita Rally Nacional (RN) ter obtido forte representação nas eleições para o Parlamento Europeu este mês.
Com a guerra na Ucrânia no seu terceiro ano e os preços da energia e dos alimentos muito mais elevados, o apoio ao partido anti-imigração e eurocético aumentou, apesar das promessas de Macron de impedir a sua ascensão.
A votação a duas voltas poderá colocar a extrema-direita no poder em França pela primeira vez desde a ocupação nazi na Segunda Guerra Mundial.
Maior afluência às urnas em décadas?
Perante uma escolha crucial sobre o futuro da França, muitos disseram que não podiam ficar em casa, enquanto os observadores políticos apontaram para a maior afluência às urnas em décadas.
Na cidade de Marselha, no sul do país, Nabil Agueni disse que não participou nas eleições europeias mas que votou no domingo.
"Enquanto tivermos escolha, é melhor ir votar", acrescentou Agueni, de 40 anos.
Já na cidade de Bordéus, Roxane Lebrun, de 40 anos, parecia preocupada.
"Já não reconheço o meu país. Temos de continuar a lutar por aquilo em que acreditamos e pelo que queremos para França."
Partido de Le Pen bem colocado
O presidente francês e a mulher Brigitte Macron votaram em Le Touquet, no norte de França, e o político de 46 anos foi visto a tirar selfies e a conviver com apoiantes.
Até às 12 horas locais, a taxa de participação na França continental era de 25,90%, um aumento em relação aos 18,43% registados nas eleições legislativas de 2022.
"Este é o número mais elevado desde as eleições legislativas de 1981", afirmou Mathieu Gallard, diretor de investigação do instituto de sondagens Ipsos, no X (antigo Twitter).
De acordo com a maioria das sondagens, o partido Reunião Nacional (RN) está em vias de conquistar o maior número de lugares na Assembleia Nacional, a câmara baixa do parlamento, embora ainda não seja claro se irá garantir uma maioria absoluta.