França vai encerrar embaixada no Níger
22 de dezembro de 2023A França decidou encerrar a sua embaixada no Níger, na sequência do golpe de Estado de Estado de 26 de julho no país africano e do azedamento das relações bilaterais, de acordo com uma carta enviada aos funcionários, citada pela Associated Press (AP).
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Francesa é lamentavelmente forçado a encerrar a embaixada por um período de tempo indefinido por tempo indeterminado", é anunciado no documento enviado aos funcionários nigerinos da embaixada francesa, datado de 19.12, e assinado pelo embaixador francês no Níger, Sylvain Itté.
Fontes diplomáticas francesas confirmaram a autenticidade da carta, que notifica o pessoal nigerino do despedimento a partir de 30 de abril de 2024, acrescentando que a representação francesa também procedeu à indemnização dos funionários.
A medida extremamente rara surge depois de Niamey ter anunciado, em 12 de dezembro, que todos os militares franceses destacados no Níger no âmbito da luta contra o fundamentalismo islâmico partiriam até esta sexta-feira, 22 de dezembro.
Divórcio consumado
É o culminar de um divórcio difícil entre a França e o Níger, desde que uma junta militar tomou o poder em Niamey, através do golpe de Estado de 26 de julho, destituindo o Presidente Mohamed Bazoum.
"Na sequência do ataque à nossa embaixada, no passado dia 30 de julho, e após o estabelecimento de um bloqueio em torno das nossas instalações pelas forças nigerinas, no final de setembro, a maior parte do nosso pessoal diplomático abandonou o país", explicaram ainda as fontes diplomáticas.
A junta militar que governa o país também declarou o embaixador francês no Níger
persona non grata, antes de montar um bloqueio à volta da embaixada francesa. No final de agosto, o regime militar ordenou também a expulsão de Sylvain Itté, que ficou detido na representação diplomática durante quase um mês.
"A embaixada de França no Níger já não pode, por conseguinte, continuar a funcionar normalmente nem a desempenhar as suas missões", declarou uma fonte diplomática francesa citada pela AP, que pediu o anonimato por não estar autorizada a falar com a imprensa.
Retirada dos militares
As últimas tropas francesas retiram-se hoje do Níger, marcando o fim de mais de uma década de operações francesas anti-jihadistas na região do Sahel, na África Ocidental.
Após o golpe de Estado, os militares no poder exigiram rapidamente a partida dos cerca de 1.500 soldados franceses e pilotos destacados para combater os extremistas.
Foi a terceira vez em menos de 18 meses que as tropas francesas foram mandadas embora de um país do Sahel. No ano passado, já tinham sido obrigadas a abandonar o Mali e, no início deste ano, o Burkina Faso, na sequência de tomadas de poder militares.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou em setembro a retirada de todas as tropas francesas do Níger até ao final do ano, com um primeiro contingente a partir em outubro.
A saída da França do Níger deixa no país centenas de militares norte-americanos e algumas tropas italianas e alemãs.