Membro da AfD detido por suspeita de espionagem para a China
23 de abril de 2024A polícia alemã deteve, esta terça-feira (23.04), um membro do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) por suspeitas de espionagem para a China.
Segundo o Ministério Público alemão, o detido é acusado de ter transmitido repetidamente a Pequim informações sobre negociações e decisões no Parlamento Europeu em janeiro. Além disso, terá espiado dissidentes chineses na Alemanha.
"[O suspeito] é acusado de trabalhar para um serviço secreto estrangeiro", diz o comunicado do Ministério Público.
Identificado como Jian G., o suspeito é assessor de Maximilian Krah, o principal candidato da AfD às eleições ao Parlamento Europeu marcadas para o início de junho. Foi detido, esta segunda-feira (22.04), em Dresden.
A detenção ocorre cerca de uma semana depois de o chanceler alemão Olaf Scholz ter viajado para a China para pressionar Pequim a adotar uma linha mais dura contra a vizinha Rússia no que toca à guerra na Ucrânia.
Reações
Em reação à notícia, o eurodeputado Maximilan Krah, disse, na sua página da rede social X, que "espiar para um Estado estrangeiro é uma acusação grave".
"Tomei conhecimento da detenção do membro da minha equipa [...] através da imprensa esta manhã […] Se as acusações forem verdadeiras, isso resultará na rescisão imediata da relação laboral", acrescentou.
O Parlamento Europeu anunciou, entretanto, que o suspeito foi suspenso.
"Após a decisão das autoridades judiciais alemãs de prender um indivíduo que atualmente trabalha como assistente credenciado no Parlamento Europeu, e tendo em conta a gravidade das revelações, o Parlamento suspendeu a pessoa em questão com efeito imediato", indicou um porta-voz.
Também em declarações, esta terça-feira, a ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, disse que, estando em causa alegações "extremamente graves", é necessária uma investigação exaustiva.
"Se se confirmar que houve espionagem para os serviços de informação chineses dentro do Parlamento Europeu, seria um ataque à democracia europeia", lê-se em comunicado.
Por sua vez, o partido AfD diz que as alegações são "muito perturbadoras".
"Como não dispomos de mais informações sobre o caso, temos de aguardar as investigações dos procuradores", disse o porta-voz do partido, Michael Pfalzgraf.
A notícia da detenção de Jian G. surge um dia depois de, num caso separado, três outros suspeitos de espionagem para a China terem sido detidos na Alemanha. E levou à reação de Pequim.
Esta terça-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, afirmou que as acusações visam "desacreditar e reprimir a China".