Gana: Chefes tradicionais continuam a ter poder sobre as terras
O Gana é uma democracia vibrante com uma economia e população urbana em rápido crescimento. Mas os chefes tradicionais continuam a desempenhar um papel importante no país - especialmente quando se trata de terras.
Novas vias férreas significam novos negócios de terrenos
O Gana está a investir 8 mil milhões de dólares na reabilitação e expansão de 1.400 km de via férrea. Um novo troço férreo vai fazer a ligação entre o vizinho Burkina Faso e os portos do Gana. Mas para isso, o governo precisa de terrenos - e isto significa consultar os chefes locais, que têm muito a dizer sobre os direitos das terras.
Prestar homenagem aos antepassados
"Que os nossos antepassados aceitem o que lhes oferecemos. Estamos aqui reunidos para endereçar os nossos louvores", proclama um feiticeiro no local onde nascerá o troço que vai ligar Kumasi, a segunda maior cidade do Gana, ao porto de Takoradi. Antes das máquinas começarem o seu trabalho, o feiticeiro executa, a mando do chefe local, rituais para obter a aprovação dos antepassados.
Negociação constante com os chefes
O governo do Gana está ocupado com a aquisição de terras para o projeto ferroviário. E à medida que as máquinas escavadoras começam a avançar, é necessário incluir os chefes locais nas negociações. Se não estiverem satisfeitos, podem interromper o trabalho. "A tarefa de mediação constante tornou-se parte do nosso trabalho", explica Marco Casano, engenheiro responsável pelo troço Takoradi-Kumsasi.
Conflitos mais frequentes
Com mais agricultores a serem forçados a abrir portas a grandes projetos de infra-estruturas, como a linha férrea, os conflitos sobre as terras estão a tornar-se mais frequentes. Como o governo muitas vezes não fornece soluções adequadas, os chefes desempenham um papel vital na resolução destas disputas locais.
Rumo ao progresso
A reabilitação do troço ocidental Takoradi-Kumasi, até aqui abandonado, é de grande importância para o setor mineiro do Gana. Na zona à volta de Takoradi, são extraídos, entre outros, manganês e bauxita, que são depois transportados por via terrestre, obstruindo o tráfego com camiões pesados e destruindo a superfície da estrada.
Assegurar a continuação dos chefes tradicionais
Na região do Volta, no leste do Gana, o sub-chefe Torgbe Diabo XI é transportado num cadeirão para liderar o enterro do chefe supremo da Área Tradicional de Fodome. Para além de chefiar a sua própria aldeia, faz parte das funções de Torgbe Diabo XI coroar o próximo chefe supremo. Na sua vida normal, Torgbe Diabo XI trabalha para uma empresa de mobiliário.
Prestar juramento à comunidade
O novo chefe supremo da Área Tradicional de Fodome, Timothy Akpatsa II, faz um juramento enquanto ergue a espada. O título de chefe supremo é alternado entre duas famílias reais locais. Na semana anterior à sua nomeação pública, Timothy Akpatsa II foi trancado numa sala para se formar para o novo papel de liderança.
Resolução de conflitos com uma bebida de paz
Durante a cerimónia de nomeação do chefe, uma poção de paz é preparada e oferecida aos presentes para serenidade e proteção. A bebida à base de farinha de milho, utilizada em muitos rituais tradicionais, é também usada para selar a resolução de conflitos entre comunidades vizinhas.
"Linguistas" que falam em nome do chefe
Os chamados "linguistas" são os principais porta-vozes ou embaixadores. Depois de concluída a investidura do novo chefe supremo, os linguistas vêm de aldeias próximas e fazem fila para prestar homenagem ao novo chefe em nome dos seus próprios chefes. O papel do linguista é um papel importante e respeitado em todo o Gana.
Poderes mágicos para defender o chefe
No final da cerimónia de nomeação, um "guerreiro" exibe os seus poderes mágicos através da dança. Os guerreiros, que em outros tempos foram conhecidos por terem poderes sobrenaturais, protegiam a sua comunidade e conquistavam a terra.