Garcia Lorca e os desaparecidos da Guerra Civil espanhola
29 de novembro de 2008Associações de familiares das vítimas pretendem agora abrir a vala sem o consentimento da família de Garcia Lorca. Recentemente dirigiram uma requisição neste sentido ao juíz Baltazar Garzón, que se tornou famoso pela processo que moveu ao ditador chileno, Augusto Pinochet. Recorrendo a uma manobra jurídica espectacular, Garzón ordenou a exumação da campa de Lorca e de outras valas comuns e considerou ter a competência para investigar as violações dos direitos do homem durante a Guerra Civil.
Mas o tribunal superior Audiencia Nacional suspendeu a exumação. E o juíz Garzon acabou, entretanto, por desisisir do seu inquérito, apontando para a competência exclusiva das autoridades locais para uma decisão sobre a abertura das valas e reconhecendo que Franco e os seus colaboradores, mortos há muito, já não podem ser chamados a responder pelos seus crimes. As associações dos familiares das vítimas não desarmam e pretendem recorrer da decisão do tribunal superior. A família do poeta teme um espectáculo mediático indigno. A exumação dos restos mortais do poeta famoso em todo o mundo mexe com a alma da Espanha.
Homosexual, poeta popular e homem da esquerda, Garcia Lorca reunia numa pessoa todos os atributos detestados pelos fascistas. O debate sobre a sua sepultura é o tema desta edição do Contraste.