Garimpeiros morrem em confrontos com polícia em Angola
30 de julho de 2014
De acordo com testemunhas locais, o incidente terá começado numa localidade do Cuango, quando agentes da polícia nacional, em colaboração com uma empresa de segurança, se insurgiram contra alguns cidadãos que praticavam a exploração de diamante. Na sequência de um desentendimento, os agentes de segurança alvejaram mortalmente um garimpeiro no local.
De seguida, alguns garimpeiros revoltados terão invadido uma esquadra policial o que fez com que as forças de segurança disparassem contra eles. Deste confronto resultaram mais quatro mortos.
Segundo uma testemunha e familiar de uma das vítimas, os garimpeiros "foram atacados enquanto trabalhavam. Alguns fugiram para a mata e outros levaram tiros nas costas".
No entanto, o comando provincial da polícia nacional na Lunda Norte apresentou outra versão dos factos. "Forças policiais em operação de rotina, nas zonas de garimpo, depararam-se com um grupo de cidadãos que explorava indevidamente diamantes sem que, para tal, tivesse licenças. Ao serem interpelados, os cidadãos insurgiram-se contra forças policiais. Os disparos efetuados culminaram com a morte de dois cidadãos", afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz do comando provincial da polícia, o superintendente-chefe Leonardo Bernardo.
"Morremos como animais selvagens"
Um dia depois dos confrontos, o município do Cuango, na província da Lunda Norte, vive "um cenário de guerra total", descreve o secretário regional do Partido de Renovação Social (PRS), Domingos Marcos Kamone. "Aqui, no Cafunfo, a tropa está fortemente armada, os seus elementos andam todos com rádios de comunicação e, inclusive, já fizeram trincheiras, barricadas no meio da população do bairro".
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido na oposição angolana, já veio a público acusar o Governo angolano de proceder a execuções sumárias de cidadãos indefesos.
"O diamante existe para servir o angolano, em primeiro lugar. Então, o angolano não pode passar por execuções sumárias por causa de uma riqueza que devia estar ao benefício dele", por isso, "não podemos aceitar que as pessoas morram da forma como estão a morrer aqui na Lunda Norte" reiterou o secretário provincial da UNITA, Domingos Oliveira.
"Nós vamos investigar isso", sublinhou o dirigente da UNITA que pediu responsabilidades ao regime de Luanda. "Na Lunda Norte estamos a morrer como animais selvagens", denunciou Domingos Oliveira.
Para o secretário provincial da UNITA é incompreensível a alegada perseguição aos garimpeiros: "seria de bom grado que houvesse um diálogo com os garimpeiros, caso o Governo se quisesse apoderar da área, porque foi o próprio Governo que autorizou a exploração artesanal", concluiu Domingos Oliveira.