Garimpo ilegal ameaça população e meio ambiente em Cabinda
5 de janeiro de 2023A prospeção intensa de ouro na província de Cabinda toma contornos alarmantes. Todos os dias, nas margens do rio Luali, os garimpeiros fazem escavações à procura de minério.
O cenário periga o ambiente e ameaça a vida de mais de 8.000 pessoas, pelo facto de o rio Luali, a principal fonte de água na região, estar a ser contaminada pela exploração ilegal.
No mercado informal, os garimpeiros comercializam o grama de ouro a 25 mil kwanzas, o equivalente a 13,3 euros, contra os 18,7 euros praticados pelas empresas legais.
"Agrupamos em montes depois de tirarmos a peneira do buraco, fazemos a lavagem e posteriormente levamos ao mercado para a sua comercialização", explica um dos garimpeiros, que falou à DW sob condição de anonimato.
Face à massiva exploração de minério levada a cabo por muitos jovens e algumas empresas, muitas pessoas abstêm-se de consumir água do rio, pelo facto de estar sempre turva. "Desse jeito que está, não podemos beber, porque pode provocar [febre] tifóide e muitas vezes a água provoca comichões", diz Suzana Puati.
Por outro lado, a caça ao ouro é feita junto a habitações, o que aumenta o perigo de desmoronamento de várias moradias.
Mais empregos e legalização
Para resolver a situação, algumas entidades tradicionais solicitam ao governo local mais atenção e direitos iguais quando se trata de oportunidades de emprego para a juventude. O soba Capita deixa um apelo: "Pedimos ao governo para instalar empresas para auxiliar a nossa juventude a fim de abdicar dessa prática".
A governadora da província de Cabinda, Mara Quiosa, defende a legalização da atividade de exploração mineira para garantir a empregabilidade dos jovens. "Não que essa atividade não se deva desenvolver, mas é preciso que ela esteja legalizada, praticada com meios técnicos e humanos apropriados para esse efeito", sublinha.
Para além do risco ambiental e de derrocada das habitações, a exploração ilícita e desenfreada de ouro nas margens do rio Luali, em Buco-Zau, a 120 quilómetros a norte de Cabinda, traz ainda riscos para a saúde das populações e para a vida destes jovens que, por vezes, morrem soterrados.